BC diz que autonomia trará benefícios importantes ao país 

O Banco Central (BC) soltou uma nota na noite de hoje (2) dizendo que a aprovação da lei que garante a autonomia do BC trará benefícios importantes ao país no médio e longo prazos. O projeto de lei que trata do tema foi aprovado nesta quarta-feira pela Câmara e segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a nota, a experiência internacional mostra que uma maior autonomia do banco central está relacionada a níveis mais baixos e menor volatilidade da inflação e contribui para a estabilidade do sistema financeiro. “[A aprovação da autonomia do BC] é uma mudança que trará benefícios importantes ao país no médio e longo prazos,” diz a nota, que acrescenta que nos últimos 25 anos no Brasil, tanto a inflação quanto as taxas de juros convergiram gradualmente para índices que refletem o aumento da credibilidade da política monetária.

A nota explica que a autonomia do BC vai proporcionar maior confiança de que a instituição será capaz de cumprir seus objetivos e terá maior credibilidade, o que facilitará a “obtenção de inflação baixa, menores juros estruturais, menores riscos e maior estabilidade monetária e financeira.”

O Banco Central também diz na nota que a autonomia vai contribuir para “consolidar os ganhos alcançados nos últimos anos em termos de estabilidade de preços e estabilidade financeira” e “complementa e apoia a ampla agenda de reformas que o BC tem empreendido para promover um sistema financeiro mais eficiente, competitivo e inclusivo no Brasil.”

Segundo a nota, entre os principais motivos para a autonomia de um banco central está a separação do ciclo político do ciclo da política monetária. “Por sua própria natureza, a política monetária requer um horizonte de longo prazo, por conta da defasagem entre as decisões de política e seu impacto sobre a atividade econômica e a inflação. Em contraste, o ciclo político possui um horizonte de prazo mais curto.” 

Dólar tem pequena queda e fecha em R$ 5,37

Em um dia de votações no Congresso Nacional e de otimismo nos mercados internacionais, o dólar fechou em queda, depois de passar de R$ 5,40 durante a manhã. A bolsa de valores chegou a subir no início do dia, mas não manteve o ritmo e fechou em baixa pela terceira sessão consecutiva.

O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (10) vendido a R$ 5,371, com recuo de R$ 0,012 (-0,23%). Na máxima do dia, por volta das 9h45, a cotação chegou a R$ 5,43. Depois de operar em alta até o início da tarde, a divisa inverteu o movimento e passou a cair.

A divulgação de que a inflação nos Estados Unidos ficou em 1,4% em janeiro no índice anualizado (em que o resultado de um mês é projetado para os 12 meses seguintes) animou os investidores internacionais.

O índice veio menor que o esperado pelo mercado, o que dissipa as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) aumente os juros mais cedo que o esperado. Juros baixos em países avançados favorecem as moedas de países emergentes, como o Brasil.

No Brasil, a aprovação do texto-base do projeto de lei que concede autonomia ao Banco Central (BC) e a instalação da Comissão Mista de Orçamento também amenizaram as pressões sobre o câmbio. O dólar intensificou a queda após o resultado da votação da proposta relativa ao BC.

O otimismo não se refletiu no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou o dia aos 118.435 pontos, com recuo de 0,87%. O indicador chegou a operar em alta de a manhã, mas recuou à tarde, após a divulgação de balanços de empresas que apontaram lucros menores que o esperado.

*Com informações da Reuters

Em duelo eletrizante, Corinthians e Athletico-PR ficam no empate

Nesta quarta-feira (10), Corinthians e Athletico-PR fizeram uma partida extremamente movimentada na Neo Química Arena, em São Paulo, pela 35ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. O empate por 3 a 3 mantém as equipes vivas na briga pela última vaga à próxima Libertadores, destinada ao oitavo colocado. Posição ocupada justamente pelo Timão, com 49 pontos. O Furacão, com 47 pontos, está em 10º lugar.

Os primeiros 45 minutos na Neo Química Arena foram eletrizantes. Aos dois minutos, o meia Victor Cantillo lançou o lateral Fagner, que ajeitou de cabeça para Gustavo Mosquito. Dentro da área, o atacante deu um chapéu no zagueiro Pedro Henrique e fez um golaço. Antes dos dez minutos, o atacante Léo Natel teve duas oportunidades para ampliar, parando no goleiro Santos, e o meia Romulo Otero cabeceou à esquerda.

O Furacão conseguiu responder aos 13 minutos. O meia Fernando Canesin recebeu perto da meia lua e fez o pivô, rolando para o lateral Abner dominar pela esquerda e chutar forte, sem chances para o goleiro Cássio. Quatro minutos depois, o Corinthians voltou à frente. Após uma cobrança de escanteio, o zagueiro Gil escorou de cabeça e o volante Gabriel completou para as redes.

O terceiro quase saiu aos 32 minutos, mas Santos saiu bem do gol e evitou um golaço de cavadinha de Mosquito, com quem estava frente a frente. Como se fosse uma punição pelas oportunidades que os alvinegros desperdiçaram, o Athletico chegou novamente ao empate. Aos 33 minutos, depois de rodar um lado para outro da área, a bola foi em direção ao gol no bate-rebate. Cássio defendeu, mas Canesin aproveitou a sobra.

As equipes voltaram para o segundo tempo com o mesmo ímpeto. Aos seis minutos, Léo Natel e Mosquito, na mesma jogada, exigiram boas defesas de Santos. Aos oito, o Athletico perdeu um gol incrível. Depois de ficar sem ângulo ao driblar Cássio, o atacante Renato Kayser rolou para o meia Nikão finalizar em cima de Gil. A bola sobrou para o atacante Vitinho, que, mesmo sem goleiro, soltou a bomba no travessão.

Desta vez, foi o Furacão que pagou pela oportunidade perdida. Aos dez minutos, o meia Ángelo Araos escapou de dois marcadores e abriu para Mosquito, que invadiu a área pela direita e finalizou na saída de Santos, recolocando o Timão em vantagem. Aos 27, porém, Canesin cruzou da direita, a bola passou por Renato Kayser, mas não por Vitinho, que deixou tudo igual. Os times seguiram buscando a vitória, mas o empate prevaleceu.

As duas equipes voltam a campo no domingo (14). O Corinthians visita o Flamengo no Maracanã, no Rio de Janeiro, às 16h (horário de Brasília). O Athletico recebe o Atlético-GO na Arena da Baixada, em Curitiba, às 18h15. Os duelos valem pela 36ª rodada do Brasileirão.

Veja a classificação da Série A do Brasileiro.

São Paulo e Ceará balançam a rede nos acréscimos e ficam no empate

Com dois gols nos minutos finais dos acréscimos do segundo tempo, São Paulo e Ceará ficaram no empate por 1 a 1 no Morumbi, na capital paulista, pela 35ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. O resultado desta quarta-feira (10) não atende à expectativa das equipes. Especialmente à do Tricolor, que perdeu a chance de encostar novamente na briga pelo título e chegou a sete jogos sem vencer pela competição nacional.

Herói da conquista da Copa São Paulo de Juniores em 2010 vestindo a camisa são-paulina ao lado de craques como o volante Casemiro e o meia Lucas Moura, Richard fez valer a lei do ex dos goleiros com grandes defesas no Morumbi. Do lado tricolor, o destaque foi a postura nos 45 minutos iniciais, com alta intensidade, diferentemente do que se via nas últimas partidas. Foi o primeiro duelo da equipe desde a saída do técnico Fernando Diniz. O time foi dirigido pelo interino Marcos Vizolli.

Com 59 pontos, o São Paulo permanece em quarto lugar, sete pontos atrás do líder Internacional, na zona de classificação à fase de grupos da Libertadores. O Ceará, por sua vez, foi a 46 pontos, na 12ª posição, a três do Corinthians, oitavo colocado e time que ocupa a última vaga via Brasileirão à próxima edição da competição sul-americana de 2021.

Em oito minutos de bola rolando, Richard mostrou que seria protagonista. Foram quatro boas defesas em tentativas dos meias Daniel Alves e Igor Gomes e dos atacantes Luciano e Pablo. Ele ainda apareceu mais duas vezes no primeiro tempo. Aos 26 minutos, evitou o gol de Pablo após bobeira do zagueiro Tiago. Aos 28, o camisa 91 do Ceará efetuou outra grande intervenção em cabeçada de Luciano. No rebote, o volante Tchê Tchê balançou as redes, mas, em posição de impedimento. O lance foi invalidado com auxílio do árbitro de vídeo (VAR).

O São Paulo tentou manter a postura agressiva no início do segundo tempo, mas pecou na pontaria. Aos poucos, o Tricolor perdeu força e o Ceará equilibrou as ações, ainda que sem criar lances de grande perigo. O duelo se arrastava para o apito final quando, nos acréscimos, tudo mudou. Aos 49 minutos, o goleiro Tiago Volpi se enrolou com a bola recuada pelo volante Luan e o atacante Léo Chu aproveitou para colocar o Vozão à frente. Só que aos 51, na sequência de um bate-rebate, Luciano, enfim, venceu Richard e evitou a derrota são-paulina.

O Tricolor volta a campo no domingo (14), às 20h30 (horário de Brasília), contra o Grêmio, na arena do time gaúcho, em Porto Alegre. O Ceará joga na segunda-feira (15) diante do Fluminense, às 18h, na Arena Castelão, em Fortaleza. As partidas valem pela 36ª rodada do Brasileirão.

Veja a classificação da Série A do Brasileiro.

Tocantinópolis e Palmas abrem decisão do Tocantinense com empate

O primeiro jogo da final do Campeonato Tocantinense de 2020, entre Tocantinópolis e Palmas, terminou empatado em 3 a 3. A partida desta quarta-feira (10) teve presença de torcedores nas arquibancadas do estádio João Ribeiro, o Ribeirão, em Tocantinópolis (TO). A equipe da casa teve aprovado, pela secretaria de Saúde local e pelo Conselho Municipal de Saúde, um plano de contingência para receber até mil pessoas em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Segundo dados do Ministério da Saúde desta quarta-feira, Tocantins tem 105.577 casos confirmados do vírus. A incidência, de 6.712,4 registros a cada 100 mil habitantes, é maior que a média nacional (4.596,4). O total de óbitos por conta da covid-19 no estado é de 1.437. A taxa de mortalidade (91,4 a cada 100 mil pessoas), por sua vez, é inferior à do país (111,8).

Ao comprarem os ingressos, que custaram R$ 20, os torcedores tiveram que assinar um termo em que se comprometiam a seguir o protocolo de saúde, com aferição de temperatura na chegada do estádio, uso de máscara de proteção e de álcool em gel e permanência em local demarcado para acompanhar o duelo. Em circular divulgada na terça-feira (9), a Federação Tocantinense de Futebol (FTF) alertou que, em caso de descumprimento do protocolo, o Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-TO) seria informado.

Com a bola rolando, o meia Dhonata, de falta, abriu o marcador para o Tocantinópolis aos 22 minutos. Quatorze minutos depois, o zagueiro Léo Amaral, de cabeça, na sequência de um escanteio, ampliou para o TEC. O Palmas reagiu no segundo tempo e balançou as redes duas vezes, aos seis e aos 18 minutos, com o atacante Rafael Gladiador em duas cobranças de pênalti. Aos 31 minutos, os donos da casa voltaram à frente com o atacante Tety. Nos acréscimos, o atacante Bruninho empatou para o Tricolor da capital tocantinense.

As equipes se reencontram no domingo (14), às 15h30 (horário de Brasília), no estádio Nilton Santos, em Palmas. Em caso de novo empate, a decisão será nos pênaltis.

Veja tabela do Campeonato Tocantinense.

Sport vence e Internacional perde chance de disparar na ponta

O Internacional perdeu a chance de abrir distância na liderança da Série A do Campeonato Brasileiro. Nesta quarta-feira (10), o Colorado teve interrompida uma invencibilidade de 12 jogos pela competição ao ser derrotado pelo Sport por 2 a 1, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pela 35ª rodada.

Os gaúchos seguem com 66 pontos, um a frente do Flamengo, que empatou por 1 a 1 com o Red Bull Bragantino no último domingo (7), no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP). O tropeço também é celebrado por Atlético-MG e São Paulo (clubes que, matematicamente, também sonham com o título). O Rubro-Negro pernambucano foi a 41 pontos, na 14ª colocação, abrindo quatro pontos para a zona de rebaixamento, que é encabeçada pelo Vasco (17º), com 37 pontos.

O Cruzmaltino, aliás, é o próximo rival do Inter, no domingo (14), às 16h (horário de Brasília), em São Januário, no Rio de Janeiro. O Sport, por sua vez, volta a campo na segunda-feira (15), às 20h, contra o Bragantino, na Ilha do Retiro, em Recife, na partida que encerra a 36ª rodada do Brasileiro.

Com dificuldades para entrar na área rubro-negra, fechada por uma linha de cinco defensores, o Inter exagerou na bola aérea e só levou a melhor em cabeçada do meia Caio Vidal, após cruzamento do lateral Uendel pela esquerda, rente à meta. O jogo parecia controlado pelo Colorado até Uendel ser expulso aos 25 minutos ao derrubar o atacante Marquinhos próximo à área. Para complicar a vida gaúcha, Marquinhos aproveitou um erro do volante Rodrigo Dourado e, de calcanhar, puxou contra-ataque com o volante Marcão, que driblou o zagueiro Lucas Ribeiro e abriu o marcador para o Leão aos 37 minutos.

O Inter respondeu três minutos depois, logo na primeira vez que entrou na área, com o meia Patrick balançando as redes na sobra de um bate-rebate. Nos acréscimos, Patric cruzou da direita, a zaga colorada parou entendendo que a bola tinha saído pela linha de fundo (o que não aconteceu) e o também lateral Junior Tavares aproveitou, dominando na pequena área e tocando para o atacante Dalberto recolocar o Sport em vantagem.

No segundo tempo, mesmo com um a mais, o Leão manteve a postura de aguardar os ataques do Inter. Aos 18 minutos, a trave evitou que Caio Vidal marcasse um golaço após jogada individual na entrada da área. Os pernambucanos também pararam no poste aos 30 minutos, em chute de fora da área do meia Thiago Neves. Sem inspiração, o Colorado continuou insistindo na bola aérea, mas consagrou Iago Maidana e Adryelson, dupla de zaga que liderou a muralha rubro-negra no Beira-Rio.

Leão também ruge alto em Fortaleza

O Sport não foi o único Leão a rugir alto e respirar na luta contra o Z-4 nesta quarta. Em Fortaleza, o Leão do Pici recebeu o Vasco na Arena Castelão e venceu por 3 a 0, chegando aos mesmos 41 pontos do Rubro-Negro pernambucano, ficando uma posição atrás (15º) por ter uma vitória a menos. Neste domingo, os tricolores do Ceará visitam o Palmeiras no Allianz Parque, em São Paulo, às 18h15.

O Gigante da Colina, com o tropeço na capital cearense, permanece nos 37 pontos e encerrará a rodada como primeiro time na zona de rebaixamento, pressionado para o jogo contra o Inter. Os cariocas têm a mesma pontuação do Bahia, que fica fora do Z-4 por ter uma vitória a mais que os cruzmaltinos.

O Fortaleza construiu a maior parte da vitória ainda no primeiro tempo. Aos seis minutos, Igor Torres abriu o marcador após receber passe do também atacante David, que passou com facilidade pelo zagueiro Leandro Castan. Aos 43 minutos, David bateu por cima do goleiro Fernando Miguel e ampliou. Na etapa final, Osvaldo cruzou pela esquerda e Romarinho, outro homem de frente do Leão, chutou de primeira para definir o placar. O atacante Germán Cano ainda balançou as redes pelo Vasco, mas o lance foi anulado pelo árbitro de vídeo, que viu falta na origem da jogada.

Confira a classificação da Série A do Campeonato Brasileiro.

UFMG desenvolve vacina contra a covid-19

Se tudo correr como previsto e houver os investimentos necessários, o Brasil terá uma vacina nacional contra o novo coronavírus (covid-19) em 2022. O primeiro imunizante nacional contra a covid-19 está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto com outros estudos relevantes na mesma área de vacinas. 

A parceria firmada no dia 4 de fevereiro entre a UFMG, o governo de Minas Gerais e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) pode acelerar a produção de vacinas no estado, disse, em entrevista à Agência Brasil, a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CT-Vacinas. 

Outros parceiros poderão participar do projeto, entre os quais a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que tem uma fábrica para produção de vacinas. A professora disse que a parceria está sendo avaliada.

Testes

No ano passado, foram realizados testes em modelos animais (camundongos), quando a equipe do CT-Vacinas identificou os antígenos e a melhor composição nesse sentido. “Fizemos testes em animais, inclusive em animais transgênicos [geneticamente modificados], necessários para esse tipo de análise”, informou Ana Paula. 

A equipe está se preparando para lançar estudos clínicos, seguindo os parâmetros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para depois começar os testes em humanos.

Para definir qual vai ser a composição da vacina, serão feitos testes de toxigenicidade em outros dois modelos, que poderão ser ratos e coelhos, de modo a cumprir exigência da Anvisa. “Será preparado um lote piloto para testagem em animais, e que servirá também para humanos, e usa essa formulação para o teste clínico de segurança, inicialmente, imunogenicidade, e, depois, o teste de proteção”, disse a professora da UFMG. 

A perspectiva é que, havendo investimentos, os testes em humanos poderão ser realizados ainda este ano, disse a professora.

Independência

Na fase inicial do projeto e nas alternativas buscadas pelo CT-Vacinas, foram gastos R$ 5 milhões. Ana Paula Fernandes disse que para as fases 1 e 2 – testes em animais -, o valor dos investimentos oscila entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões. A etapa clínica, que envolve os testes em humanos, é bem mais cara, alcançando recursos em torno de R$ 100 milhões.

Ana Paula destacou que esse investimento, embora seja elevado, “é menor do que aquele que está sendo feito para a transferência das tecnologias de fora”. 

“Esse processo vai ser, realmente, um marco histórico, que vai poder ser replicado para outros processos, para que o Brasil tenha independência nessa área estratégica”, disse a coordenadora do CT-Vacinas. 

De acordo com Ana Paula, todos os países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), à exceção do Brasil, “conseguem abocanhar, digamos assim, uma fração considerável do mercado de insumos em vacinas mundialmente”, o que repercute de maneira positiva em suas balanças comerciais.

“O Brasil tem competência para fazer isso. Precisa é colocar os elos da cadeia conectados”, disse a professora. Na avaliação de Ana Paula, o projeto da UFMG tem esse vínculo. 

Ela disse que, ao contrário do Instituto Butantan ou da Biomanguinhos, que estão trazendo tecnologia de fora e produzindo no Brasil, o CT-Vacinas está construindo um processo do início ao fim. “Estamos chamando de vacina de raiz”. 

A coordenadora disse que a construção desse processo, o domínio dessas plataformas de tecnologia, são estratégicos, “e o Brasil não tem isso”. Ela lembra que todas as vacinas usadas em humanos no Brasil são de tecnologias importadas.

Ana Paulo disse que a equipe do CT-Vacinas já dominou as diferentes plataformas para produção de vacinas em vetores virais, mas que isso não significa, entretanto, que em uma única vacina serão usados todos esses vetores ou uma combinação deles. No momento, segundo a professora, mesmo a partir da produção da primeira vacina nacional, o indicativo é que serão necessárias duas doses para imunização da população. “Mas ela é uma vacina muito mais fácil de ser produzida, porque o sistema de produção dela não tem a complexidade, por exemplo, de uma Coronavac”, tratando-se de uma alternativa mais simples e mais viável.

Continuidade

Ana Paula acredita que ao longo dos próximos meses serão concluídos os estudos clínicos da fase 1 e 2, de imunogenicidade e segurança em humanos, prevendo para o segundo semestre o início da fase 3, em humanos. A nova vacina deverá estar disponível no próximo ano. 

A professora da UFMG disse que uma vacina desse tipo vai continuar sendo necessária no Brasil porque, “hoje, a cada dia que passa, a gente tem mais certeza de que vamos entrar possivelmente em uma sistemática de doses anuais para coronavírus, assim como é para Influenza”. 

Segundo Ana Paula, o vírus vai continuar circulando e variantes vão surgir, o que demandará plataformas que contornem o problema do surgimento dessas variáveis do coronavírus.

A reitora da UFMG, Sandra Almeida, não tem dúvidas que a parceria com o MCTI e o governo mineiro “será fundamental não apenas para a continuidade do desenvolvimento do imunizante contra o coronavírus, mas também para as pesquisas com vacinas a longo prazo”. 

“Necessitamos, mais do que nunca, de articulação entre as universidades e os órgãos públicos estaduais e federais para garantir investimento contínuo”.

Já o ministro Marcos Pontes disse que a vacina da UFMG, desenvolvida com tecnologia nacional, “é importantíssima para o estado [de Minas Gerais] e para o país e tem grande relevância para a ciência brasileira”.

Covid-19 deixa disfunções cognitivas em 80% dos pacientes, diz estudo

As histórias contadas por pacientes que se recuperaram da covid-19 são preocupantes. “Dormi em pé tomando banho”, “meu marido sofreu traumatismo craniano enquanto andava de bicicleta e dormiu”, “lembro-me de fazer o pedido da comida e de pagar por ele, mas não me lembro de ter comido”. 

Outro dado alarmante mostra ainda que essas sequelas não acontecem somente em pessoas que sofreram a doença no estágio mais grave. Pacientes que tiveram coriza ou outros sintomas mais leves e até mesmo os assintomáticos também foram diagnosticados com disfunção cognitiva em algum grau. 

É o que mostra o estudo inédito no mundo O uso do jogo digital MentalPlus®️ para avaliação e reabilitação da função cognitiva após remissão dos sintomas da covid-19, feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), conduzido pela neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin. 

Os resultados mostram que a recuperação física nem sempre implica na recuperação cognitiva, diz a pesquisadora, que também é professora da FMUSP. “Isso deixa clara a importância de se incluir na avaliação clínica dos pacientes pós-covid-19 de qualquer gravidade sintomas de problemas cognitivos como sonolência diurna excessiva, fadiga, torpor e lapsos de memória”, explica a médica, “para que, com o diagnóstico precoce, possa haver uma rápida intervenção terapêutica”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aguarda os resultados finais do estudo para adotar a metodologia desenvolvida na pesquisa do InCor como padrão-ouro em âmbito mundial no diagnóstico e na reabilitação da disfunção cognitiva pós-covid-19.

Jogo digital avalia as disfunções 

A pesquisadora usou o jogo digital MentalPlus®, criado por ela em 2010, para avaliar pessoas que tiveram covid-19 em vários estágios, idades e classes econômicas. “Este jogo nasceu para detectar possíveis disfunções neurológicas em pacientes que eram prejudicados após o uso de anestesia geral profunda. Esse mecanismo não só avalia como ajuda na reabilitação. Então decidi usar o MentalPlus® na pesquisa com pessoas que tiveram sintomas ou que testaram positivo para a da covid-19. O resultado foi impactante: independentemente do grau da doença, da faixa etária ou do nível de escolaridade, os pacientes que tiveram sintomas podem sofrer de disfunção cognitiva”. 

Resultados 

A primeira fase do estudo foi feita com 185 pessoas, entre março e setembro de 2020. Atualmente são 430 pacientes em acompanhamento na pesquisa. Os resultados indicam que em 80% dos participantes da pesquisa o novo coronavírus ocasiona dificuldade de concentração ou atenção, perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas, problemas com a compreensão ou entendimento, dificuldades com o julgamento e raciocínio, habilidades prejudicadas, problemas na execução de várias tarefas, mudanças comportamentais e emocionais, além de confusão.

Outra consequência detectada no estudo é a diminuição da capacidade visuoperceptiva. “Muitas pessoas perderam a coordenação motora e caem muito”, diz a especialista. Ela explica que, segundo exames de ressonância magnética funcional, isso acontece porque a função executiva é afetada em pessoas que já contraíram o Sars-Cov-2.

“Em uma pessoa saudável, essa função faz com que ela planeje o dia e busque estratégias para atenuar problemas, por exemplo. Se a pessoa perde essa função ou se ela ficar comprometida, isso pode interferir no trabalho e nas relações sociais, e, com isso, levar à depressão, ansiedade, angústia e agressividade”.

A médica do InCor detalha que as sequelas cognitivas acontecem porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio. “A dessaturação de oxigênio vai para o cérebro, acomete o sistema nervoso central e afeta as funções cognitivas”. 

Segundo o estudo, a memória de curto prazo de 62,7% dos participantes foi afetada. Já a de longo prazo, teve alterações em 26,8% dos voluntários. Em relação à percepção visual, o impacto foi notado em 92,4%.

“Por causa dos problemas que a covid-19 acarreta nos lobos parietais e occipitais; estes lobos são responsáveis pelo planejamento; organização visuoperceptiva e visuoconstrutiva; pelas sensações corporais; pelos movimentos primários entre outras funções importantes do ser humano”, explicou Lívia.

Segundo a neuropsicóloga, o quadro é passível de reversão, por meio de exercícios cognitivos específicos como os do aplicativo MentalPlus® utilizado no estudo. Essa atividade funciona como uma “musculação mental”, explica a pesquisadora. 

Ao forçar a atividade do cérebro, o órgão é estimulado a um maior consumo de oxigênio, melhorando paulatinamente seu desempenho. “Quanto mais cedo tiver início a terapia cognitiva, mais rápida será a recuperação e, consequentemente, menores os prejuízos mental, emocional, físico e social para essas pessoas”.

Quem deseja mais informações sobre o jogo digital deve entrar no site do InCor e acessar a página de voluntariado para pesquisa, no menu à direita. Nesta página é possível acesso o formulário de inscrições.

Gastos com pandemia não podem passar para futuras gerações, diz Guedes

Os gastos com o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (covid-19) não podem ser empurrados para as gerações futuras, disse hoje (10) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele defendeu que as discussões sobre a retomada do auxílio emergencial sejam acompanhadas da responsabilidade fiscal, com a busca de uma fonte de recursos para financiar a recriação do benefício.

O ministro deu a declaração após se reunir com a presidente eleita da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, deputada Flávia Arruda (PL-DF), e o relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC). Segundo Guedes, o dinheiro para bancar uma nova rodada do auxílio emergencial terá de vir do próprio Orçamento deste ano, em vez de ser financiado pelo aumento da dívida pública.

“Temos o compromisso com as futuras gerações do Brasil. Temos que pagar pelas nossas guerras. Se estamos em guerra com o vírus, temos que arcar e não simplesmente empurrar esse custo para as gerações futuras”, afirmou o ministro.

Argumentando que a economia e a saúde caminham juntas, Guedes disse que os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, estão empenhados em conciliar as demandas sociais com a responsabilidade fiscal. “Esse compromisso de sensibilidade social e de responsabilidade fiscal é justamente a marca de um Congresso reformista, de um governo determinado, e de lideranças políticas construtivas que temos hoje no Brasil”, disse.

Diálogo

Flávia Arruda e Bittar fizeram uma visita ao Ministério da Economia após a confirmação nos cargos e a instalação da CMO. A presidente da comissão disse que terá conversas diárias com a equipe econômica até a votação do Orçamento de 2021, enviado ao Congresso em agosto do ano passado, mas não aprovado até hoje.

Ao sair da reunião, a deputada reafirmou o compromisso com a vacinação em massa e a recuperação da produção e do consumo. “O fundamental neste momento do país é priorizarmos a vacina, a distribuição de renda e a retomada dos empregos e da economia”, afirmou.

A votação do Orçamento deste ano está prevista para ocorrer até o fim de março, quando vence a CMO com presidência da Câmara dos Deputados, que deveria ter sido instalada em março do ano passado. No fim de março, a atual CMO dará lugar a outra comissão, presidida pelo Senado, que discutirá a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento de 2022.

Em relação ao Orçamento de 2021, Bittar não deu detalhes sobre a proposta. O relator disse apenas que não fará especulações em torno das propostas de recriação do auxílio emergencial e que o parecer será apresentado depois de debates, levando em conta a responsabilidade fiscal defendida pela equipe econômica.

“O que podemos afirmar é temos que aprovar um Orçamento nesse momento de crise que, ao mesmo tempo, continue olhando para os brasileiros que permanecem precisando do Estado e também acene com a retomada da austeridade fiscal. Esse é o princípio”, declarou Bittar.

Capital paulista fecha 2020 com mais de 50 mil imóveis novos vendidos

O número de unidades habitacionais residenciais novas vendidas no ano passado na capital paulista foi de 51.417, o que representa 4,5% a mais do que o registrado em 2019, quando foram comercializados 49.224 imóveis.

Segundo o Balanço do Mercado Imobiliário 2020, divulgado nesta quarta-feira (10) pelo Secovi-SP, os imóveis mais procurados foram os de dois dormitórios, com área útil de 35 metros quadrados (m²) a 45 m² e preços de até R$ 240 mil.

“Com esse saldo positivo, 2020 surpreendeu e superou as expectativas mais positivas para um ano repleto de adversidades, ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus, que em março impactou os negócios do setor. Em maio, porém, teve início a retomada, impulsionada principalmente pela oferta de produtos aderentes à demanda e pela menor taxa de juros da história do país”, diz o sindicato, que reúne empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis.

Conforme o balanço, os lançamentos totalizaram 59.978 unidades na cidade de São Paulo. O maior movimento foi no quarto trimestre, com o lançamento de 33,5 mil unidades. O balanço aponta ainda crescimento na oferta final de imóveis (unidades lançadas, mas ainda não comercializadas), com o mês de dezembro fechando com 46.948 unidades disponíveis para venda.

Segundo o Secovi-SP, a previsão para o mercado imobiliário neste ano é de crescimento em torno de 5% a 10% ante 2020. “Porém, para esse cenário se comprovar, a taxa de juros precisa permanecer em patamares baixos, o PIB [Produto Interno Bruto] deve voltar a crescer, e a inflação ficar sob controle”, diz a entidade.