Covid-19: mortes somam 230 mil e número de casos chega a 9,44 milhões

O número de pessoas que morreram de covid-19 subiu para 230.034. Nas últimas 24 horas, foram registradas 1.239 mil mortes.

Já o total de pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia chegou a 9.447.165. Entre ontem e hoje, foram confirmados pelas autoridades de saúde 50.872 diagnósticos positivos de covid-19. 

Os dados estão na atualização diária do Ministério da Saúde, divulgada na noite desta sexta-feira (05). O balanço é produzido a partir das informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde sobre casos e mortes.

Ainda há 890.333 pessoas com casos ativos em acompanhamento por profissionais de saúde. Outras 8.326.708 pessoas já se recuperaram da doença.

Estados

Na lista de estados com mais mortes, São Paulo ocupa a primeira posição (54.324), seguido por Rio de Janeiro (30.545), Minas Gerais (15.667), Rio Grande do Sul (10.929) e Ceará (10.585). As Unidades da Federação com menos óbitos são Acre (884), Roraima (886), Amapá (1.074), Tocantins (1.407) e Rondônia (2.326).

Em número de casos, São Paulo também lidera (1.833 milhão), seguido por Minas Gerais (762.412 mil), Bahia (602.792 mil), Santa Catarina (590.449 mil) e Paraná (564.903 mil).

Boletim Epidemiológico 05-02-2021Boletim Epidemiológico 05-02-2021

Boletim Epidemiológico 05-02-2021 – 05/02/2021/Divulgação/Ministério da Saúde

Saúde negocia compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin

O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (5) que está em fase final de negociações para aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Segundo a pasta, que não informou os valores envolvidos na compra, o contrato será analisado pela área jurídica. 

Pelo cronograma apresentado ao governo pela Precisa Medicamentos – representante brasileiro do fabricante indiano -, a partir da assinatura do contrato, o primeiro lote da vacina, com 4 milhões de doses, pode chegar em 20 dias ao país. Quantidades iguais serão enviadas 30, 45, 60 e 70 dias após a formalização do acordo, totalizando as 20 milhões de doses. 

Até agora, no Brasil, existem duas vacinas com autorização de uso emergencial: a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac; e o imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca, em parecia com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Para que possa ser usada no país, a Covaxin também vai precisar obter uma autorização emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante indiano terá fase 3 de testes realizadas no Brasil, a partir do mês que vem, numa parceria com o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

Secretário aponta irregularidades no processo de vacinação no Rio

O secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Chaves, apontou hoje (5) irregularidades no processo de vacinação contra a covid-19 no estado que devem ser coibidas pelos órgão de fiscalização. Segundo ele, entre as irregularidades observadas está o uso indiscriminado da segunda remessa da vacina CoronaVac por alguns municípios fluminenses.

O secretário disse estar preocupado com o fato de algumas prefeituras não terem garantido a segunda dose da CoronaVac para vacinar os primeiros imunizados e estarem vacinando um novo público com essas doses. Para ter eficácia, a segunda dose da CoronaVac precisa ser aplicada entre duas a quatro semanas após a primeira imunização.

“Isso coloca em risco todo um esquema de vacinação. Os municípios têm autonomia para conduzir a vacinação, mas têm que seguir o programa nacional”, afirmou, sem especificar as cidades.

Na terça-feira (2), a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro começou a distribuir a segunda dose da vacina CoronaVac aos 92 municípios fluminenses. São 244 mil doses que deverão ser aplicadas como reforço da primeira dose, entregue às prefeituras em janeiro deste ano.

Carlos Alberto Chaves também citou caravanas que buscam vacinação fora do domicílio declarado e a aplicação de doses excedentes em pessoas que não pertencem aos grupos prioritários como irregularidades a serem coibidas.

“Não podemos omitir o que está acontecendo de errado. Isso é muito grave. Não podemos desfragmentar a vacinação. O Brasil é um dos líderes em termos de vacinação, mundialmente famoso.”

Vacina contra HIV será testada no Brasil

Em conjunto com centros de pesquisa de diversos países, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aderiu ao estudo para testar a eficácia de vacina contra o vírus HIV, que interfere na capacidade do organismo de combater infecções. Trata-se do estudo Mosaico, que vai avaliar dois imunizantes projetados para fornecer proteção contra diferentes variedades do vírus em todo o mundo. 

O professor da Faculdade de Medicina Jorge Andrade Pinto, coordenador do Grupo de Pesquisa em HIV/Aids em Crianças, Adolescentes e Gestantes e responsável pelos testes em Minas Gerais, explicou em vídeo para a UFMG as características da vacina e das etapas da pesquisa.

“O estudo Mosaico é um estudo de fase três de eficácia, que busca responder às seguintes perguntas: a vacina nessa população é segura? Há algum desconforto ou reação adversa? A vacina é capaz de produzir uma resposta imune, efetiva e protetora contra o HIV? E por último se essa vacina é, portanto, capaz de prevenir infecção na população vacinada?”. 

O coordenador do estudo explicou ainda qual é o tipo de imunizante. “São duas vacinas, uma vacina é de vetor viral contendo um vetor que é o adenovírus, em que são inseridos os componente imunogênicos do HIV, e uma vacina de proteína – de sequências proteicas do HIV”. 

Segundo Pinto, o estudo de fase três é um estudo duplo cego. “Nem a pessoa que está recebendo, nem a pessoa que aplica a vacina sabe qual está recebendo. Um grupo será vacinado e outro recebe um placebo, que é uma substância inerte que serve como grupo de comparação”.

No Brasil, a pesquisa vai recrutar participantes em cinco capitais. Além de Belo Horizonte, por meio da Faculdade de Medicina da UFMG, o ensaio clínico será realizado em São Paulo (Hospital das Clínicas da USP), no Rio de Janeiro (Fiocruz e Hospital Geral de Nova Iguaçu), em Manaus (Fundação Medicina Tropical) e Curitiba (Centro Médico São Francisco).

O estudo é parte de iniciativa desenvolvida pela HIV Vaccine Trials Network (HVTN) – financiada pela farmacêutica Janssen – e pelo National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos. Serão 3,8 mil recrutados homens gays ou bissexuais e pessoas transgênero entre 18 e 60 anos, HIV negativo, não usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP) e que não apresentem comorbidades que contraindiquem o uso da substância a ser testada. 

“Este é um estudo de longa duração, de cerca de 3 anos de acompanhamento, então é necessário que os voluntários que estejam interessados estejam dispostos também a permanecer neste segmento por esse período. O estudo mosaico será realizado no Brasil e também nos Estados Unidos, na América Latina, na Europa e busca, com isso, refletir a diversidade geográfica do vírus HIV”, finalizou o coordenador do estudo no Brasil.

Os interessados em participar do ensaio e obter outras informações podem entrar em contato pelo e-mail mosaico.minasgerais@gmail.com ou pelos telefones/WhatsApp (31) 99216-0407 e (31) 99331-3658.

Prefeitura de SP antecipa vacinação de idosos a partir de 90 anos

A prefeitura de São Paulo antecipou para hoje (5) a vacinação de idosos a partir de 90 anos contra a covid-19. O início da imunização dessa faixa etária estava previsto para segunda-feira (8). Para receber a dose, o idoso deve ir até a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e apresentar o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a carteira de vacinação e o Cartão SUS, se tiver.  As pessoas que tiverem restrição de mobilidade serão vacinadas em casa. 

A prefeitura recomenda que o idoso seja acompanhado por apenas uma pessoa para evitar aglomerações. Deverão ser seguidos todos os protocolos sanitários vigentes, como distanciamento físico, uso de máscara e higienização com álcool em gel. Para encontrar a UBS mais próxima acesse a página Busca Saúde da prefeitura.

Na terça-feira (11), terá início a vacinação dos profissionais de saúde autônomos com idade acima de 60 anos.

Drive-thru

Além dos postos da rede municipal de saúde, a partir de segunda-feira (8) serão disponibilizados cinco locais em que os idosos poderão ser vacinados sem sair do carro, no sistema drive-thru, e em quatro centros-escolas do município. A vacinação nos drive-thru ocorrerá de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Nas UBSs e nos centros-escolas, das 7h às 19h.

Na capital, os postos de drive-thru serão montados na Praça Charles Miller – Estádio do Pacaembu (zona oeste); Neo Química Arena Corinthians (zona leste); Autódromo de Interlagos – rua Jacinto Júlio, Portão EHN (zona sul); Centro de Exposições do Anhembi – rua Olavo Fontoura, portão 38 (zona norte); Igreja Boas Novas – rua Marechal Malet, 611, Parque da Vila Prudente (zona leste).

Os quatro centros-escolas são o da Barra Funda, na Av. Dr. Abrahão Ribeiro, 283; da Vila Mariana, na Rua Ambrosina de Macedo, 94; o Centro-Escola Geraldo de Paula Souza, na Av. Dr. Arnaldo, 925; Centro-Escola Samuel Barnsley Pessoa – Butantã, na Av. Vital Brasil, 1.490.

Pré-cadastro

Para agilizar o atendimento e evitar aglomerações no momento da vacinação, os idosos, seus familiares ou qualquer pessoa que integre o público previsto na campanha podem realizar o pré-cadastramento para a vacinação contra a covid-19 no site Vacina Já.

“Não é um agendamento e o uso não é obrigatório para receber a vacina, mas contribui para melhorar a dinâmica dos serviços e a rotina do próprio cidadão. O pré-cadastro economiza 90% no tempo de atendimento para imunização, evitando aglomeração nos locais”, explica a prefeitura.

Segundo a prefeitura, já foram vacinados 24.171 idosos, sendo 14.371 nas Instituições de Longa Permanência para Idosos e 9.800 institucionalizados em outros locais.

Covid-19: mortes somam mais de 228 mil e casos, 9,3 milhões

O número de pessoas que não resistiram à covid-19 no Brasil subiu para 228.795. Em 24 horas, foram registradas 1.232 mortes. Há ainda 2.818 óbitos em investigação no país.

Já o total de pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia chegou a 9.396.293. Em 24 horas, foram confirmados pelas autoridades sanitárias 56.873 novos casos.

Os dados estão na atualização diária do Ministério da Saúde, divulgada na noite desta quinta-feira (4). O balanço é produzido a partir de informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde.

Há, ao todo, 875.735 pessoas com casos ativos da doença em acompanhamento por profissionais de saúde e 8.291.763 pacientes já se recuperaram.

Estados

Na lista de estados com mais mortes estão São Paulo (53.997), Rio de Janeiro (30.354), Minas Gerais (15.499), Rio Grande do Sul (10.881) e Ceará (10.556). As unidades da Federação com menos óbitos são Roraima (880), Acre (882), Amapá (1.070), Tocantins (1.402) e Rondônia (2.314).

Em número de casos, São Paulo também lidera (1.820.941), seguido por Minas Gerais (756.971), Bahia (599.435), Santa Catarina (587.428) e Paraná (562.057).

Boletim epidemiológico covid-19 04-02-2021Boletim epidemiológico covid-19 04-02-2021

Boletim epidemiológico covid-19 04-02-2021 – 04/02/2021/Divulgação/Ministério da Saúde

Ministro da Saúde fala à PF sobre ações contra covid-19 no Amazonas

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prestou depoimento hoje (4) à Polícia Federal (PF) no inquérito que apura as ações em relação à crise da saúde pública em Manaus.

Segundo nota do Ministério da Saúde, Pazuello detalhou o trabalho que é realizado para atender a população e combater a covid-19. O ministro também colocou-se à disposição para fornecer mais informações sempre que for necessário.

No mês passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura do inquérito.

O pedido de investigação foi feito após representações formuladas por partidos políticos, que relataram suposta omissão do ministro e de seus auxiliares.

Primeiro lote de IFA para vacina Oxford/AstraZeneca deve chegar sábado

O primeiro lote de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção da vacina Oxford/AstraZeneca no Brasil foi liberado por autoridades chinesas e deve chegar ao Rio de Janeiro no próximo sábado (6). A informação é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fará a formulação e o envase das doses.

O voo com o IFA está previsto para decolar de Xangai às 7h35 de amanhã (5) no horário local, o que equivale às 20h35 de hoje (4) no horário de Brasília. O avião deve pousar no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro às 17h50 de sábado.

O ingrediente farmacêutico ativo foi produzido na China pelo laboratório Wuxi Biologics, contratado pela farmacêutica AstraZeneca, que desenvolveu a vacina em parceria com a Universidade de Oxford.

O primeiro lote do IFA já estava pronto desde o mês passado e aguardava licença de exportação e a conclusão de procedimentos alfandegários para que o envio pudesse ocorrer.

O governo brasileiro assinou um acordo com a farmacêutica europeia e a universidade britânica para que a vacina pudesse ser produzida no Brasil, no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Inicialmente, o Brasil vai produzir a vacina com IFA importado da China, porém, o acordo também prevê transferência de tecnologia para nacionalizar a produção do insumo, o que deve ocorrer no segundo semestre.

A Fiocruz espera o envio de 14 remessas de IFA ao longo do primeiro semestre, cada uma delas com insumo suficiente para produzir 7,5 milhões de doses. As primeiras duas remessas deveriam ter chegado em janeiro, e o contrato prevê que a fundação receba o suficiente para produzir 100,4 milhões de doses até julho.

Após a nacionalização do IFA, a Fiocruz poderá produzir mais 110 milhões de doses, chegando a 210,4 milhões de doses até o fim de 2021.

A vacina Oxford/AstraZeneca já está sendo aplicada no Brasil devido à importação de 2 milhões de doses prontas, que foram produzidas pelo Instituto Serum, parceiro dos desenvolvedores do imunizante na Índia.

 

Vacina Covaxin, da Índia, será testada no Brasil

O Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein deve começar em março, por um período de 45 a 90 dias, o teste da fase 3 da vacina Covaxin, com previsão para o resultado em maio. Serão em torno de 3 mil voluntários testados em cinco centros de referência. A vacina é desenvolvida na Índia pelo laboratório Bharat Biotech.

De acordo com a imunologista e pesquisadora do instituto Glaucia Vespa, a Coxavin é uma vacina de vírus inteiro inativado e apresenta efeitos colaterais comuns. “Os efeitos colaterais serão determinados no estudo clínico de fase 3. Os dados observados até agora indicam que a vacina é bem tolerada e segura, apresentando apenas efeitos colaterais comuns às vacinas inativadas utilizadas rotineiramente”.

Os locais em que a vacina será testada ainda não foram determinados. “Estamos em processo de finalização de contrato com cinco centros de referência pelo Brasil. Serão 3 mil voluntários, com inclusão competitiva. Ou seja, vai depender da seletividade no processo de recrutamento e inclusão dos centros”, disse. 

Os voluntários não precisam ser profissionais de saúde, apenas maiores de 18 anos de idade, sem histórico da covid-19. Serão aplicadas duas doses da vacina, com intervalo de 28 dias.

Mesmo com a decisão de ontem (3) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de não exigir estudos da fase 3 em andamento no Brasil para autorização emergencial no país, a pesquisadora Glaucia Vespa disse que o objetivo do instituto é consolidar o país como referência no segmento, além de aumentar o acesso às vacinas. 

“O Einstein acredita que a realização de estudos clínicos com vacinas candidatas confere maior expertise aos centros de pesquisas clínicas brasileiros, consolidando o país como referência no segmento, e apresenta vantagens aos participantes, que receberão a vacina imediatamente após a conclusão pela sua eficácia. Além de aumentar o acesso à vacinas nesse momento pandêmico tão crítico para a população”, disse a pesquisadora.

Projeto usa olfato de cães para diagnóstico precoce do câncer de mama

No Dia Mundial do Câncer, lembrado hoje (4), o Projeto KDOG se destaca como ferramenta que pode auxiliar os médicos no diagnóstico precoce do câncer de mama. Idealizado pelo Instituto Curie, centro de pesquisa e tratamento de câncer da França, o Projeto KDOG, que utiliza cães no trabalho de biodetecção precoce de câncer em estágio inicial, chegou ao Brasil graças à parceria daquela instituição com a Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia (SFBO).

O Instituto Curie tem mais de sete anos de pesquisas sobre o tema. A biodetecção é a utilização de animais ou outros organismos vivos para detectar algo como substâncias ilícitas ou perigosas, agentes patogênicos, entre outras coisas. O projeto desenvolve uma técnica simples, barata e não invasiva de rastreamento do câncer de mama a partir do olfato canino.

O projeto brasileiro treina cães para detectar mais de 40 tipos de câncer de mama em um laboratório, onde cones oferecem diversas amostras de odores do corpo humano. O método descarta o contato físico entre os animais e as pessoas, para evitar estresse das duas partes.

O responsável técnico pelo projeto no país, Leandro Lopes, disse à Agência Brasil que o projeto KDOG Brasil, que funciona em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, já tem um cão formado e outros dois em formação para a biodetecção. “Os cães vão ajudar a salvar vidas de pessoas e, o mais importante, com qualidade de vida para os cães”, destacou.

Amostras

O protocolo para a obtenção de amostras que serão submetidas aos cães é simples. O projeto recomenda a homens e mulheres lavar as mãos antes de dormir, com sabonete neutro, e colocar compressas entregues em um kit sobre as duas mamas, retirando-as ao acordar, após nova lavagem das mãos com o sabonete neutro. As compressas são colocadas então em um saco e enviadas para o projeto, onde são submetidas ao olfato dos animais no laboratório. Segundo Leandro Lopes, os cães ficarão estáticos em frente à amostra que der positivo para câncer de mama.

Lopes explicou que o câncer é uma modificação biomolecular que vem do corpo humano. Por isso, ela exala cheiro que, muitas vezes, é imperceptível para o homem, mas não para os cães. “Por meio do cheiro, o cão detecta se é negativo ou positivo”. O trabalho de biodetecção tem uma acertabilidade de 91,8%, comprovada cientificamente e seguindo parâmetros do KDOG França, disse. Ele observou que o trabalho não elimina os protocolos tradicionais para detecção de câncer, como mamografia e outros exames.

“O KDOG vem para antecipar isso, para tentar colocar as pessoas em uma triagem, para chegar mais rápido ao mamógrafo”. Leandro Lopes afirmou que o método pode ajudar, principalmente, populações distantes dos grandes centros, como indígenas e ribeirinhos, além de pessoas carentes, porque consegue criar uma velocidade com qualidade, para que o diagnóstico seja encontrado mais rápido. “Porque nós sabemos que quanto mais rápido o câncer for diagnosticado, mais chance tem de cura”.

Futuro

Em futuro próximo, a intenção é disponibilizar o projeto no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). “É o nosso grande sonho e desejo que isso aconteça. A gente conseguiria ajudar o SUS a ter um controle maior e maior velocidade no diagnóstico”.

Os cães deverão concluir 100% do treinamento previsto no primeiro semestre de 2021. Quando começarem a dar suporte ao SUS, ajudarão a população mais pobre a ter acesso a exames, como o de mamografia. Lopes esclareceu que o cachorro consegue sentir o cheiro do câncer antes de o tumor aparecer. “Por isso, é um processo de triagem. O cão sentiu o cheiro, deu positivo, aquela mulher entra em uma fila de mais atenção”. O projeto é aplicável também para pessoas que já tiveram câncer de mama, direcionando-as para a fila de atenção, caso um novo tumor seja detectado.

A estrutura montada prevê o treinamento de seis cães desde filhotes. Devido ao seu cônico olfativo, com muitos receptores de cheiros, os pastores alemães, belgas ou holandeses têm a preferência para esse trabalho de rastreamento precoce do câncer de mama por meio dos odores. Leandro Lopes lembrou, entretanto, que outras raças têm sido aprovadas no mundo, como o braco alemão, também conhecido como perdigueiro, e o jack russel, porque são ligadas à rusticidade. “São cães dinâmicos, com cônico olfativo interessante, rudimentares, que gostam de trabalhar”, destacou.

Apesar disso, Lopes afirmou que os cães do projeto são animais felizes, que não se desgastam nem ficam presos. São vacinados, vermifugados e fazem exames de sangue semestrais. “Não são cães robotizados, não são cães de laboratório. São cães felizes que, na hora de desconcentração, estão brincando com bolinhas, se esfregando na grama. São nossos amigos”.

Os animais trabalham com sistema de recompensa. Encontrando o odor de câncer, ganham petiscos ou brinquedos. “Não se desgastam os cães”. O projeto no Brasil conta com patrocínio oficial da marca de ração Royal Canin.