Bolsonaro determina articulação extra no combate à covid-19

O presidente Jair Bolsonaro determinou ao ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, que articule ações extras em apoio aos estados para combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O despacho foi publicado hoje (8) no Diário Oficial da União.

Braga Netto coordena o Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19, grupo interministerial instalado em março do ano passado pelo governo federal. O comitê é formado por todos os ministros, além dos presidentes da Caixa, do Banco do Brasil, de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Central e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No despacho, Bolsonaro determina que o coordenador do comitê, “sem interrupção das ações em curso e do apoio já prestado pelo Ministério da Saúde, articule as ações complementares de toda a administração pública federal em auxílio aos estados e ao Distrito Federal que o solicitarem para enfrentamento da pandemia de covid-19 em decorrência da insuficiência ou do exaurimento de suas capacidades”.

Um exemplo é o estado do Amazonas, que, pela segunda vez durante a pandemia, enfrenta um colapso no sistema de saúde com falta de leitos e insumos para tratar os doentes. 

No Brasil, as mortes por covid-19 chegaram a 231.534 desde o início da pandemia, além de 9,5 milhões de infectados pelo coronavírus.

Idosos acima de 90 anos começam a ser vacinados em São Paulo

O estado de São Paulo começa hoje (8) a vacinar idosos acima de 90 anos contra a covid-19. Aqueles com idade acima de 85 anos começam a ser vacinados no próximo dia 15.

O estado tem cerca de 515 mil pessoas com idade acima de 85 anos. Cerca de 37% das pessoas com 85 anos ou mais e que tiveram a doença evoluíram para óbito no decorrer da pandemia, sendo essa a parcela da população mais vulnerável ao novo coronavírus.

Até o momento, estão sendo vacinados em todo o estado os profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, que somam cerca de 1,6 milhão de pessoas. Segundo o Vacinômetro, até o meio dia de ontem (7) 795.702 haviam sido imunizadas contra a covid-19 em todo o estado. O Vacinômetro é uma ferramenta digital, desenvolvida em parceria com a Prodesp (empresa de tecnologia da informação), que permite a qualquer pessoa acompanhar em tempo real o número de vacinados no estado.

Os idosos acima de 90 anos contarão com cinco pontos na capital paulista para a vacinação em sistema drive-thru: o Estádio do Pacaembu, a Arena Corinthians, o Autódromo de Interlagos, o Anhembi e a Igreja Boas Novas, na Vila Prudente. Além desses locais, a prefeitura de São Paulo vai garantir a vacinação dos idosos em uma rede de 468 unidades básicas de Saúde (UBSs) espalhadas em todas as regiões da cidade e em quatro centros-escola do município.

Os drive-thrus funcionarão das 8h às 17h. Já nas UBSs, a vacinação será realizada das 7h às 19h. Apenas na capital, a previsão é imunizar mais de 32 mil idosos acima de 90 anos, de um total de 206 mil em todo o estado.

Pré-cadastro

Para agilizar o atendimento, a recomendação é de que seja feito o pré-cadastramento no site Vacina Já. Com o preenchimento prévio da ficha, o tempo de atendimento nas unidades para a imunização é de um minuto. Se o cadastro for preenchido presencialmente o tempo é maior, já que a coleta das informações leva cerca de dez minutos.

A ferramenta não funciona como agendamento e nem é obrigatória para receber a vacina. O objetivo é evitar as aglomerações nos postos de vacinação. O pré-cadastro pode ser feito por familiares de idosos ou de qualquer pessoa que participe dos públicos previstos na campanha.

Brasil supera 231 mil mortes e 9,5 milhões de infectados por covid-19

As mortes por covid-19 chegaram a 231.534 desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram registrados 522 óbitos. O número de pessoas infectadas chegou a 9.524.640. Entre ontem (6) e hoje (7), foram registrados 26.845 novos diagnósticos positivos. No total, 8.397.187 pessoas se recuperaram da covid-19.

O balanço foi divulgado neste domingo pelo Ministério da Saúde (MS). O balanço reúne as informações levantadas pelas secretarias estaduais de Saúde de todo o país.

Em geral, os registros de casos e mortes são menores aos domingos e segundas-feiras em razão da dificuldade de alimentação dos dados pelas secretarias de Saúde nos finais de semana. Às terças-feiras, os totais tendem a ser maiores pelo acúmulo das informações de fim de semana que são enviadas ao ministério.

Covid-19 nos estados

Os estados que concentram o maior número de casos tem São Paulo na liderança com 1.849.334 de pessoas contaminadas. Em seguida vem Minas Gerais (774.111) e Bahia (607.946). O Acre é a unidade da Federação com o menor número de casos (50.546), seguido de Roraima (75.712) e Amapá (78.799).

São Paulo também lidera o número de mortes, com 54.614. Rio de Janeiro (30.597) e Minas Gerais (15.930) aparecem na sequência. Os estados com menos mortes são Acre (888), Roraima (896) e Amapá (1.079).

Boletim epidemiológico da covid-19- 07-02-2021Boletim epidemiológico da covid-19- 07-02-2021

Boletim epidemiológico da covid-19- 07-02-2021 – 07/02/2021/Divulgação/Ministério da Saúde

Butantan deve receber na quarta-feira novo lote de insumos para vacina

O Instituto Butantan, na capital paulista, deverá receber na quarta-feira (10) um novo lote de insumos, vindos da China, para a produção da vacina CoronaVac, contra a covid-19. Segundo informou hoje (7) o governo do estado de São Paulo, a carga está no aeroporto de Pequim pronta para o embarque.

O lote tem 5,6 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), produzido na China pela biofarmacêutica Sinovac, parceira do Butantan no desenvolvimento da vacina. A matéria-prima permitirá a produção em São Paulo de mais de 8,7 milhões de doses do imunizante, que serão destinadas ao Plano Nacional de Imunizações (PNI). 

Na quarta-feira, 5,4 mil litros de IFA foram recebidos em São Paulo da mesma fornecedora, suficientes para a produção de 8,6 milhões de doses da vacina Coronavac. Somadas, as cargas permitirão a fabricação de 17,3 milhões de doses de imunizantes, que começarão a ser entregues ao Ministério da Saúde a partir do final deste mês. A previsão do instituto é que a produção de vacinas contra a covid-19 alcance até 600 mil doses diárias com as duas remessas de matéria-prima.

Em janeiro, segundo o governo de São Paulo, o Butantan entregou 8,7 milhões de vacinas CoronaVac ao Ministério da Saúde. Foram 6 milhões de doses no dia 17, 900 mil no dia 22 e 1,8 milhão no dia 29. 

Pazuello diz que chegada de IFA ao país cumpre “etapa fantástica”

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que, com a chegada hoje (6) do primeiro lote com cerca de 90 litros do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção da vacina Oxford-AstraZeneca/Fiocruz contra a covid-19, foi cumprida “uma etapa fantástica” de um projeto iniciado há sete meses com a escolha do laboratório AstraZeneca e da Universidade de Oxford, que o ministério escolheu como parceiros.

“Nesses sete meses de trabalho estruturamos a BioManguinhos, estruturamos toda a cadeia de produção. Com a chegada hoje do IFA que veio da China, ele nos permite o início da fabricação que vai marcar a mudança na nossa gestão em vacinar”, disse.

O lote saiu de Xangai, na China, na manhã de ontem (5). Depois de uma escala em Luxemburgo, o avião com o material chegou às 18h17 ao terminal de cargas do Aeroporto Internacional Tom Jobim-RIOGaleão, na zona norte da cidade.

Pazuello fez a declaração após receber a remessa na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, na zona norte do Rio. O material chegou ao local às 20h02 em um caminhão frigorífico escoltado pela Polícia Federal. Junto com o ministro da Saúde, estavam o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade.  

Agora o IFA está guardado na câmara frigorífica da Fiocruz, porque precisa ser mantido em temperatura baixa. Segundo a fundação, o lote do IFA armazenado a 55ºC negativos, é suficiente para a produção de 2,8 milhões de doses. Além desse, até o fim deste mês a Fiocruz receberá mais dois lotes para ao todo poder fabricar 15 milhões de doses.

Vacinação no Rio atendeu neste sábado 2,6 mil pessoas

Apesar do dia chuvoso, a vacinação da população acima dos 90 anos hoje no município do Rio atendeu 2.605 pessoas. Entre elas, 1.337 receberam a vacina, das 8h às 12h, no sistema de drive-thru montado pela Secretaria Municipal de Saúde, que hoje funcionou em nove postos.

Na primeira semana do esquema, entre segunda (1º) e sexta-feira (5), foram vacinadas 3.341 no posto instalado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que hoje não estava aberto. A partir da próxima segunda-feira (8), o posto do Parque Olímpico passa a funcionar também de segunda a sexta, das 9h às 15h. A Secretaria de Saúde informou que lá haverá vacinação no modo tradicional, para pedestres e pelo drive-thru.

Para o superintendente de Vigilância em Saúde, Márcio Garcia, o serviço de drive-thru representa uma vacinação segura para os idosos. “Há drive-thru espalhados pela cidade, com vacinação super tranquila, rápida, cômoda e com segurança”.

O município já imunizou também 3.503 idosos acamados, em seu domicílio. Conforme o calendário da Secretaria de Saúde, na semana que vem as vacinas começam a ser aplicadas na segunda-feira em idosos de 89 anos, reduzindo a idade por ano a cada dia, chegando na sexta-feira (12) aos de 85 anos. No sábado (13), será o dia de vacinar quem não pôde ir durante a semana.

Metade dos brasileiros sofre de ansiedade no ambiente de trabalho

Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) mostrou que 52% dos trabalhadores brasileiros sofrem de ansiedade enquanto estão no local de trabalho. Outros 47% disseram se sentir cansados com frequência, enquanto o desânimo e a frustração foram apontados como principal sentimento por 22% e 21% dos profissionais entrevistados. A observação da falta de empatia dentro das empresas foi observada como importante para 89% dos colaboradores.

Aplicada nas cinco regiões do Brasil em empresas nacionais e multinacionais de pequeno, médio e grande portes, de quase todos os setores da economia, a pesquisa inédita Comunicação Não Violenta nas Organizações retrata a forma como 327 profissionais percebem a prática dessa abordagem a partir de cada um dos tópicos elencados em quatro níveis diferentes: minha equipe, meus pares, liderança e empresa.

Os dados mostram que dos dez estados emocionais mais citados pelos funcionários entrevistados, cinco correspondem a sentimentos ligados a necessidades não atendidas, sendo que os dois mais identificados são ansiedade e cansaço, seguidos de apreensão, desânimo e frustração, explicado pela falta de empatia. Quando as necessidades são atendidas, os sentimentos que surgem são despreocupação, segurança, calma, realização e satisfação, ou seja, os menos mencionados na pesquisa.

De acordo com o levantamento, os colaboradores se sentem mais conectados aos colegas de trabalho, que estão mais próximos, do que à liderança da empresa. “Os melhores índices apareceram quando o que estava sendo analisado era a própria equipe do funcionário, ou seja, o seu núcleo mais próximo. Isso ia de alguma forma piorando quando ele falava de pares, liderança e ainda mais quando falava de empresa. Ou seja, percebia que ele e pessoas perto dele se atendiam nas escutas, resolviam conflitos e necessidades, mas a empresa como um todo não o fazia com tanta efetividade”, disse a especialista em Comunicação Não Violenta (CNV) e curadora da pesquisa, Pamela Seligmann.

De acordo com ela, para entender os resultados da pesquisa é preciso primeiro conhecer os conceitos da CNV, que se baseia na escuta e na empatia com os outros e consigo mesmo e na identificação de necessidades. “As necessidades estão por trás de tudo o que fazemos. Cada vez que temos um ato de violência estamos expressando uma necessidade que não está sendo atendida. De alguma forma, quando somos grosseiros, rudes, violentos, estamos pedindo ajuda”.

Para Pamela os resultados da pesquisa indicam que as empresas precisam trabalhar a percepção dos colaboradores de que está sendo uma ouvinte das necessidades dos seus funcionários. “Isso altera o sentimento de confiança, de participação, orgulho de participar, conhecimento, lugar para dar opiniões e ideias, envolvimento, motivação, tudo o que tem a ver com o clima da organização”, disse.

A pesquisa, conduzida pelo economista e doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) Leonardo Müller e pelo consultor de Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional, ambos colaboradores da Aberje, Carlos Ramello, visa a iniciar uma reflexão mais aprofundada sobre algumas dimensões corporativas, aspectos trabalhados nos projetos de Comunicação Não Violenta (CNV), metodologia que promove a comunicação eficaz e empática e estabelece pontes de diálogo em um mundo cada vez mais centralizado.

“A partir dessas oito dimensões, foram elaboradas as perguntas. A ideia era que as pessoas pudessem nos contar como elas percebem a organização onde trabalham quanto à qualidade de escuta, ao atendimento de suas demandas, se há uma comunicação baseada em fatos e dados ou em julgamentos e como lidam com conflitos”, explicou Pamela.

Ela destacou que e uma das coisas que talvez tenha sido negligenciada é a qualidade das relações que se quer estabelecer, e nem sempre o problema é de comunicação entre as pessoas dentro da empresa e sim de relação. “É o tipo de relacionamento que está sendo estipulado, no qual o que uma pessoa diz é interpretado, julgado, inferido e não escutado na íntegra. No qual não se percebe qual é a real necessidade. Ou onde não se pode expressar quais são as verdadeiras necessidades”.

Para Pamela, ainda há um espaço que não foi aberto para que as pessoas possam exercer seu estado adulto de consciência, com protagonismo, responsabilização, ação, que significa na CNV que a pessoa se torne responsável pelo que quer, pelo que escolhe e pelo que faz.

“As empresas também têm negligenciado a qualidade de vida, da saúde mental. Neste ano que passou, no qual o home office se estabeleceu e que, por um lado, trouxe muitas coisas boas, também as empresas invadiram o espaço doméstico e muita gente não está conseguindo cuidar de sua saúde emocional, ficando desconectada de suas necessidades e em um estado de violência”, afirmou. 

A curadora da pesquisa concluiu que as empresas podem olhar para a questão e fazer uma linguagem de CNV que não é passiva, e sim de responsabilização e olhar sobre as necessidades de todos os participantes dessa comunicação.

Cantor Zezinho Corrêa morre de covid-19

Morreu hoje (6) o cantor Zezinho Corrêa, do grupo Carrapicho, famoso pela música Tic Tic Tac, muito tocada nos anos 1990. Ele estava internado desde o dia 5 de janeiro em um hospital particular de Manaus, após testar positivo para a covid-19 e sentir febres e dores no corpo um dia antes.

O cantor chegou a ser intubado e também foi submetido a uma traqueostomia. No dia 7 de janeiro foi transferido para um leito de unidade de terapia intensiva (UTI).

O velório está sendo realizado nesta tarde na unidade Balneário do Sesc, com acesso restrito aos familiares.

Primeiro lote do IFA para vacina da Fiocruz chega hoje ao Brasil

O primeiro lote do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção das vacinas Oxford/AstraZeneca na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem chegada prevista para as 17h50 deste sábado (5) no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O IFA possibilitará a produção de mais 2,8 milhões de doses da vacina contra a covid-19, que já começou a ser aplicada no país a partir de 2 milhões de doses prontas importadas da Índia no mês passado.

O insumo foi fabricado no laboratório Wuxi Biologics, na China, de onde partiu às 20h35 da última quinta-feira (horário de Brasília). O laboratório chinês foi vistoriado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim do ano passado e é parceiro da farmacêutica europeia AstraZeneca, que desenvolveu a vacina com a Universidade de Oxford, do Reino Unido. 

Depois do desembarque, o IFA será transportado para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), na zona norte do Rio de Janeiro. Lá, após checagens de controle de qualidade, o insumo deve ser liberado na próxima quarta-feira (10) para descongelamento, já que precisa ser transportado a -55 graus Celsius. O degelo precisa ser feito lentamente, e somente na sexta-feira (12), deve ter início a formulação do lote de pré-validação, necessário para garantir que o processo de produção da vacina está adequado. 

Na formulação, o IFA é diluído em outros componentes da vacina, que, entre outras funções, garantem que a armazenagem possa ser feita em refrigeradores comuns, com 2 a 8 graus Celsius. Após a formulação, uma série de outros procedimentos como o envase e a rotulagem preparam a vacina para distribuição. Tal processo conta com rigorosos testes de qualidade, e a previsão é que o primeiro lote de pré-validação da vacina seja liberado para aprovação da Anvisa no dia 18 deste mês.

A Fiocruz esperava inicialmente o envio de 14 remessas de IFA ao longo do primeiro semestre, cada uma com insumo suficiente para produzir 7,5 milhões de doses. As duas primeiras remessas deveriam ter chegado em janeiro, e o contrato prevê que a fundação receba o suficiente para produzir 100,4 milhões de doses até julho. Apesar dos atrasos na chegada do insumo, a Fiocruz afirma que é possível manter o compromisso de entregar a mesma quantidade de doses.

Em fevereiro, em vez de dois lotes, cada um para 7,5 milhões de doses de vacina, a Fiocruz receberá três lotes, que, somados, terão o IFA necessário para produzir as mesmas 15 milhões de doses previstas inicialmente. A chegada dos dois próximos lotes de IFA está programada para os dias 23 e 28 de fevereiro, e a Fiocruz prevê entregar o primeiro milhão de doses prontas entre 15 e 19 de março, e mais 14 milhões de doses até o fim do mês que vem.

No fim de março, a escala de produção da vacina em Bio-Manguinhos deve aumentar de 700 mil doses por dia para 1,3 milhão de doses por dia, o que permitirá entregas maiores: 27 milhões de doses em abril, 28 milhões em maio e 28 milhões em junho. As 2,4 milhões de doses que completam o compromisso de 100,4 milhões devem ser entregues em julho.

Os termos do acordo entre a Fiocruz, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford preveem que, inicialmente, o Brasil vai produzir a vacina com IFA importado. Posteriormente, Bio-Manguinhos vai nacionalizar a produção do insumo, o que deve ocorrer no segundo semestre, a partir de um processo de transferência de tecnologia.

Após a nacionalização do IFA, a Fiocruz prevê produzir mais 110 milhões de doses até o fim deste ano, chegando a um total de mais de 210,4 milhões de doses, o que faz da vacina Oxford/AstraZeneca a que tem mais doses programadas para serem aplicadas na população brasileira até o momento.

Segura e eficaz

A aplicação dos primeiros 2 milhões de doses que chegaram da Índia recebeu autorização de uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e o pedido definitivo de registro da vacina no país está em avaliação, depois de ter sido concluído no mês passado. 

A vacina já foi autorizada pela autoridade sanitária do Reino Unido (MNRA) e também recebeu sinal verde da agência reguladora de medicamentos da União Europeia (EMA). Além do Brasil, outros países como Reino Unido e Índia já iniciaram a aplicação das doses.

A vacina de Oxford tem eficácia geral de 76% 22 dias após a aplicação da primeira dose, e de 82% após a segunda dose, que deve ser aplicada três meses após a primeira. Os dados foram publicados na revista científica The Lancet, uma das mais respeitadas do mundo.

Além de prevenir a doença em mais de 80% dos casos, a vacina apresentou 100% de eficácia contra casos graves e hospitalizações. Isso significa que, durante os estudos clínicos, ninguém que foi vacinado precisou ser internado.

Agência Brasil explica o que é o IFA

O desembarque de um novo lote do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac na quarta-feira (3) e a chegada do primeiro lote do insumo para a vacina Oxford/AstraZeneca na tarde de hoje (6) vão impulsionar a produção de vacinas contra covid-19 no Brasil, que depende da importação desse componente, fabricado na China.

A partir dos novos lotes de IFA, o Instituto Butantan deve entregar ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) mais 8,6 milhões de doses da CoronaVac, enquanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve produzir 2,8 milhões de doses da vacina de Oxford.

Enquanto a produção do IFA não é nacionalizada, as próximas doses continuam a depender da chegada de mais remessas do insumo, considerado elemento mais importante na produção de uma vacina.

Para explicar por que esse ingrediente é central, a Agência Brasil conversou com o assessor científico sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Akira Homma, e com o gerente de Garantia da Qualidade do Instituto Butantan, Arthur Nunes.

O que é o IFA?

O ingrediente farmacêutico ativo (IFA) é fundamental na formulação de um fármaco porque está nele a substância capaz de produzir o efeito desejado. Nas vacinas, é o IFA que tem a informação que faz com que o organismo comece a preparar suas defesas contra um micro-organismo invasor.

No caso de imunizantes como a CoronaVac, chamados vacinas de vírus inativado, o IFA é o ingrediente que contém o corpo do micro-organismo “morto”, incapaz de se replicar e provocar uma infecção. Ao receber a vacina, o corpo da pessoa vacinada passa a conhecer a estrutura do coronavírus e produz defesas específicas contra suas formas de ataque.

Outras vacinas usam plataformas tecnológicas diferentes, como as vacinas genéticas da Pfizer/Biontech e da Moderna, que usam o RNA mensageiro do coronavírus para que o corpo humano conheça a proteína S, chamada de spike. Nesse caso, o IFA contém tal RNA, que é produzido sinteticamente.

Já vacinas como a Oxford/AstraZeneca e Sputnik V têm a tecnologia de vetor viral, em que um vírus inofensivo é modificado para transportar informações do coronavírus. A vacina de Oxford usa adenovírus de chimpanzé como vetor de informações da proteína spike, que é inserida dentro do antígeno. O IFA, então, é um concentrado viral que contém esses vírus modificados geneticamente.

No caso da CoronaVac, o IFA é produzido no laboratório chinês Sinovac, desenvolvedor da vacina e parceiro do Instituto Butantan. Apesar de a AstraZeneca e a Universidade de Oxford serem instituições europeias, o IFA da vacina de Oxford também é produzido na China, pelo laboratório Wuxi Biologics, contratado pela AstraZeneca.

Como é produzido o IFA?

Para produzir o IFA, é preciso que uma cepa selecionada do coronavírus (no caso da CoronaVac) ou do adenovírus de chimpanzé (no caso da vacina de Oxford) se multiplique em laboratório até que haja uma quantidade grande o suficiente para a produção de um lote de vacinas. Os vírus precisam de células vivas para infectar e se multiplicar, e esse processo ocorre em ambiente controlado, em biorreatores.

“Essa massa de vírus é purificada, e é feito um concentrado viral. É esse concentrado viral que nós chamamos de IFA”, descreve Akira Homma, de Bio-Manguinhos, que explica que a purificação é necessária para retirar todos os detritos de células que foram destruídas no processo de multiplicação dos vírus em laboratório.

Arthur Nunes, do Butantan, acrescenta que a produção do IFA da CoronaVac inclui o processo de inativação, em que substâncias destroem a capacidade do vírus de se replicar: “inativar, basicamente, é matar esse vírus, porém, sem perder a capacidade dele de promover a produção de anticorpos”.

Com o concentrado viral produzido, é preciso transportá-lo em condições adequadas para que não sofra nenhuma alteração antes de a formulação da vacina ser concluída. O IFA da vacina de Oxford precisa viajar refrigerado a -55 graus Celsius, enquanto o da CoronaVac pode ser transportado na temperatura de uma geladeira comum.

O IFA chegou, e agora?

Por serem importados, esses lotes precisam passar por trâmites burocráticos tanto no país que os exportou quanto no Brasil. O IFA da vacina de Oxford, por exemplo, estava pronto para embarque no mês passado, mas só recebeu a licença de exportação de autoridades da China nesta semana. Ao chegar ao Brasil, é preciso comprovar que as condições de armazenamento foram adequadas e que o produto está dentro dos parâmetros para que se inicie a formulação.

É nesse momento que Bio-Manguinhos e Butantan assumem a produção. Os processos de formulação e envase (separação em frascos) ocorrem no Brasil e também envolvem estruturas industriais complexas e de alta tecnologia, que precisam garantir precisão e evitar qualquer tipo de contaminação do IFA ao ser misturado a outros ingredientes e transferido para os vidros de onde as seringas retirarão as doses. “Há no mundo, hoje, uma grande dificuldade para os laboratórios formularem, envasarem e desenvolverem as etapas finais de produção”, diz Akira Homma, que explica que o próprio laboratório que produziu o IFA da vacina de Oxford não teria condições de concluir o processo e fabricar a vacina a partir dele.

Na formulação, o concentrado viral da vacina de Oxford é misturado a outras substâncias que têm funções como garantir sua estabilização em temperaturas compatíveis com a rede de frio dos postos de vacinação, de 2 a 8 graus. A maior parte dos outros componentes da vacina de Oxford também é importada, segundo Homma, devido aos elevados padrões de qualidade exigidos. Já o IFA da CoronaVac não tem a adição de outros insumos e passa por um processo de homogeneização para que seja preparado para a distribuição nos frascos.

Apesar da complexidade de todo esse processo, a maior parte do tempo que os laboratórios demoram para produzir as vacinas a partir do IFA é gasta com controle de qualidade. Nunes explica que, no Butantan, a formulação e o envase demoram apenas um dia, mas os testes necessários para garantir a segurança e a eficácia da vacina levam mais de duas semanas.

“Isso faz parte da cadeia de produção. Sem os testes, a gente não consegue fazer a liberação dessa vacina”, afirma ele, que destaca que o teste de esterilidade é o mais demorado, exigindo uma metodologia que demora mais de 14 dias para ser concluída. “Para qualquer medicamento injetável, uma das características que ele tem que ter é ser comprovadamente estéril, sem nenhuma carga microbiana”.

Em Bio-Manguinhos, a primeira remessa do IFA, que chega hoje, passará por checagens até a próxima quarta-feira (10), quando iniciará o lento processo de descongelamento do concentrado viral, que dura três dias. No dia 12, terá início a formulação do lote de pré-validação, usado para atestar a adequação dos processos de produção. Esse lote ficará pronto no dia 18.

Depois de concluir a etapa de pré-validação, Bio-Manguinhos vai produzir três lotes de validação, em atendimento às normas regulatórias vigentes. Esses lotes devem ser liberados para distribuição para a população no mês de março, após a análise do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) e do deferimento do registro da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

IFA nacional

Tanto Bio-Manguinhos quanto Butantan estão em preparação para produzir o IFA no Brasil, garantindo assim a autossuficiência na produção das vacinas. Na Fiocruz, o laboratório que será responsável pela produção já estava construído, precisou ser adaptado e receberá os últimos equipamentos em fevereiro, para que possa passar por uma avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. 

Em seguida, a previsão é que as primeiras operações para a produção do IFA em Bio-Manguinhos comecem em abril. “Vamos começar em abril a fazer localmente, e, no segundo semestre deste ano, teremos a vacina nacionalizada, com a produção do IFA sendo feita aqui e toda a formulação também”, diz Akira Homma.

A expectativa da Fiocruz é de que a validação dos processos do IFA nacional esteja concluída em julho, para que então seja solicitada à Anvisa a inclusão do novo local de fabricação do insumo no registro da vacina.

No Butantan, a produção nacional está prevista para janeiro de 2022, com a primeira produção experimental em dezembro deste ano. O IFA será produzido em uma nova fábrica que começou a ser construída pelo governo do estado de São Paulo em novembro do ano passado e tem inauguração prevista para o fim de setembro deste ano.