Empresa doa 5 mil caixas térmicas para transporte de vacinas

O Ministério da Saúde informou que receberá da Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) a doação de cinco mil caixas térmicas que seriam utilizadas no carnaval deste ano por ambulantes. Explicou que, após serem adaptadas, essas caixas – fabricadas em poliuretano – garantirão o “transporte seguro” de três milhões de doses de vacina contra a covid-19.

“As estruturas estão sendo adaptadas para uso médico, com a colocação de termômetros que viabilizam o controle de temperatura, e serão destinadas às secretarias estaduais de Saúde de 26 estados mais o Distrito Federal para armazenar e transportar as doses até os locais de vacinação”, informou, por meio de nota, o ministério.

A previsão é de que a distribuição seja iniciada hoje (12). “Estados com maior população e menor renda serão priorizados, pois enfrentam mais dificuldades na aquisição das estruturas”, disse o Ministério da Saúde.

Pesquisa desenvolve tratamento para preservar rim em caso de câncer

Uma perspectiva de tratamento inovadora, que preserva o rim, pode ser nova aliada no combate ao tumor urotelial do trato superior, que se localiza no revestimento interno do rim, ureter ou bexiga.

Estudo em fase 1 mostrou evidências promissoras da terapia fotodinâmica, com alvo vascular com agente fotossensibilizador, para eliminar o tumor com uma ou, no máximo, duas sessões. A informação é do urologista Lucas Nogueira, um dos responsáveis pela pesquisa feita pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (MSKCC), em Nova York, onde é pesquisador visitante.

Os primeiros resultados do estudo serão apresentados no American Society of Clinical Oncology Genitourinary Cancers Symposium, Congresso Mundial de Oncologia Genitourinária, que acontece até amanhã (13) nos Estados Unidos, no formato online devido à pandemia de covid-19.

A terapia usa uma substância derivada da clorofila, chamada de padeliporfina, que na presença de luz de diodo com comprimento de onda de 753 nanômetros (nm) no local, provoca uma reação trombótica matando o tumor por falta de oxigenação, além de estimular o sistema imunológico contra o câncer. “É como se ocorresse um infarto naquela região. O tumor necrosa e desaparece em um período de até 30 dias”, explicou o médico.

O procedimento minimamente invasivo, que pode ser realizado com sedação profunda em ambiente de penumbra, dura cerca de 20 minutos e o paciente vai para casa com a recomendação de não se expor ao sol e se hidratar. “A substância injetada na corrente sanguínea é fotossensível, com atividade entre 30 minutos e uma hora. Mas recomendamos não se expor ao sol por 24 horas. A hidratação serve para eliminação mais rápida da substância pela urina”, afirmou Nogueira.

Fase 1

De acordo com o pesquisador, os dados do estudo fase 1, feito em 16 pacientes do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, mostram que em 64% dos casos o tumor não foi detectado após 30 dias e em 29%, foi preciso fazer uma segunda sessão. Dos que fizeram a segunda sessão, 67% tiveram a remissão completa do tumor. Após 11,5 meses de seguimento, 93% dos pacientes mantiveram o rim que tinha sido afetado pelo câncer, e a função renal não foi significativamente afetada.

“Esse resultado é uma esperança muito grande para esse paciente que hoje se vê sem alternativa eficaz para manutenção do rim, visto que muitos deles vão precisar de quimioterapia e, para isso, necessitam de função renal adequada”, afirmou Lucas Nogueira.

Segundo o médico, além de não ser necessário retirar o rim para evitar a progressão da doença, outro benefício do tratamento é manter baixa toxicidade localizada, ao contrário do tratamento endoscópico a laser, que tem alta reincidência do tumor e toxicidade local maior. A contraindicação é para pacientes com distúrbios de coagulação ou que fazem uso de anticoagulante.

Fase 3

Conforme o pesquisador, o resultado promissor levou a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, a autorizar a realização de estudo fase 3, sem a necessidade de fazer a fase 2. A nova fase do estudo começa em abril com 100 pacientes, vai envolver cerca de 20 centros localizados nos Estados Unidos, na Europa e em Israel e deve durar cerca de dois anos.

De acordo com o urologista, se esses resultados se mantiverem na fase 3, o tratamento poderá ser avaliado pela FDA para uso na população em geral daqui a cerca de três anos. “É um tratamento que não demanda anos de aprendizagem para ser colocado em prática, pois é realizado por ureteroscópio flexível, equipamento já de conhecimento dos especialistas da área.”

A terapia inovadora também está sendo estudada no MSKCC, no tratamento de tumores de próstata de risco intermediário, bexiga, esôfago, pâncreas e pulmão. Na Europa, já é aprovada para o tratamento de câncer de próstata de baixo risco.

Segundo Lucas Nogueira, o câncer urotelial do trato alto é duas vezes mais comum em homens, principalmente a partir dos 60 anos. Entre os principais fatores de risco estão tabagismo, história de câncer de bexiga e exposição ocupacional a agente químico (petroquímica, plástico, tinta) e ser portador da Síndrome de Lynch.

O câncer urotelial de trato alto é assintomático, de difícil diagnóstico, sendo descoberto muitas vezes em estágio avançado devido ao aparecimento de sangue na urina. Dor na lateral do corpo, provavelmente devido à obstrução da urina, é a segunda causa de descoberta da doença. Outros sintomas são aumento da frequência urinária, urgência urinária e dor ao urinar.

Estudo indica tendência de queda de casos de SRAG em oito capitais

A nova edição do Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revela que oito capitais brasileiras apresentaram sinais de diminuição de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) desde a segunda semana de janeiro. Segundo a Fiocruz, as capitais são Belém, Belo Horizonte, Brasília (Plano Piloto e arredores), Cuiabá, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.

Divulgado nesta quinta feira (11), o boletim destaca que, embora Manaus também mostre sinais de queda, as informações relativas à cidade “ainda apresentam impacto importante do represamento, de modo que essa sinalização pode estar subestimando o cenário atual”. Entre os registros com resultados positivos para os vírus respiratórios, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos são em decorrência do novo coronavírus, diz o documento.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alertou, porém, que uma série de fatores pode gerar falsa impressão de queda. Gomes citou, por exemplo, o aumento no represamento de dados a partir de dezembro, o que reflete na demora para registro e divulgação de casos identificados nas unidades de saúde.

Ele explicou que isso ocorre por aumento da demanda hospitalar, por esgotamento das equipes de saúde em razão da carga de trabalho ou, ainda, pela multiplicidade de sistemas de informação, o que levaria as equipes a preferirem notificar os sistemas locais em detrimento do sistema nacional, como o Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe).

Subestimativa

Marcelo Gomes informou que os boletins recentes do InfoGripe, ilustraram “o impacto que o aumento do represamento de dados no final do ano causou nas estimativas, gerando subestimativa e sinal de queda durante período em que ainda havia crescimento”. Ele afirmou, entretanto, que está havendo melhora gradativa em relação ao represamento, embora alguns locais ainda apresentem impactos importantes, como é o caso de Manaus.

O pesquisador destacou também que o represamento ocorrido em dezembro passado e no começo de janeiro gera efeito inverso quando os casos são avaliados por data de divulgação. De acordo com Gomes, o acúmulo de grande volume de casos antigos sendo divulgados ao longo do mês de janeiro gera uma impressão de aumento expressivo, apesar de estar associado a casos antigos, e não necessariamente a casos que estão ocorrendo agora.

Por isso, ele destacou a importância de dar preferência a análises com base em primeiros sintomas, data de internação ou data do óbito, e não data de divulgação de casos ou óbitos. “O Brasil tem grupos de pesquisa com experiência em lidar com o efeito do atraso para gerar estimativas adequadas como as utilizadas no sistema InfoGripe e InfoDengue, que servem de apoio à vigilância nacional de vírus respiratórios e arboviroses”, afirmou.

Em todo o território, a investigação indica que os casos notificados de SRAG mostram sinal de queda tanto de longo prazo (últimas seis semanas) quanto de curto prazo (últimas três semanas). No entanto, existem diferenças importantes no país, com algumas capitais e regiões interioranas mantendo a retomada do crescimento de casos de covid-19.

De acordo com a análise, o pico observado entre os dias 3 e 9 de janeiro aparenta interrupção do aumento de casos ocorridos ao longo da segunda quinzena de dezembro de 2020 nos dados nacionais, após o platô verificado entre final de novembro e início de dezembro. O estudo tem como base os dados inseridos no Sivep-Gripe até o dia 8 de fevereiro. Gomes ressaltou que, apesar dessa tendência, todas as regiões do país encontram-se na zona de risco, com ocorrências altas de casos e de óbitos de SRAG por covid-19.

Outras capitais

Na capitais de Roraima, Boa Vista, e da Paraíba, João Pessoa, o boletim indica sinal forte (maior do que 95%) de crescimento na tendência de longo prazo. Já Aracaju e Fortaleza apresentaram sinal moderado (acima de 75% de probabilidade) de crescimento na tendência de longo prazo.

Porto Velho mostrou estabilidade na tendência de longo prazo, interrompendo a curva de crescimento iniciada na penúltima semana de dezembro. Aracaju e Fortaleza acumulam cerca de seis semanas consecutivas com sinal de crescimento, enquanto Boa Vista registra cinco semanas consecutivas com sinal de crescimento. Vitória mostra sinal moderado de crescimento tanto na tendência de curto quanto na de longo prazo, o que pode impactar tanto o atendimento na capital quanto o potencial de transmissão, disse Marcelo Gomes.

O Boletim InfoGripe ressalta que, embora com sinal de queda, Manaus ainda apresenta padrão de defasagem importante para as estimativas de casos recentes. Gomes recomenda manutenção da cautela em relação ao cenário atual.

Macrorregiões de saúde

A análise de tendência dos casos semanais de SRAG até a quinta semana de 2021, encerrada no último sábado (6), para as macrorregiões de saúde, com base no município de notificação, mostra que apenas 11 dos 27 estados apresentam tendência de longo e curto prazos com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões.

Em 16 estados (Amazonas, Pará, Roraima, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), há pelo menos uma macrorregião estadual com tendência de curto ou longo prazo com sinal moderado (probabilidade maior que 75%) ou forte (probabilidade superior a 95%) de crescimento, diz o boletim.

Segundo Marcelo Gomes, a tendência apontada para as macrorregiões de Mato Grosso não são confiáveis, porque houve grande diferença entre os dados de SRAG reportados no Sivep-Gripe, usados pelo InfoGripe, e aqueles reportados no sistema próprio do estado, com grande subnotificação no Sivep-Gripe. “Além disso, as ressalvas feitas ao maior atraso de digitação no fim do ano observado nas capitais também se aplica às macrorregiões de saúde”, acrescentou.

Estima-se que já tenham ocorrido 183.313 casos de síndrome respiratória aguda grave neste ano, podendo variar entre 181.956 e 185.230 até o término da quinta semana de 2021.Considerando a presença de febre nos casos registrados, conforme definição internacional de SRAG, o total de casos estimados chega a 120.807, com oscilação entre 119.825 e 122.331 casos.

Registros

De 2020 até agora, foram reportados 754.025 casos de SRAG. Destes, 56.175 são referentes ao ano epidemiológico 2021, dos quais 28.816 (51,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 8.660 (15,4%) negativos e ao menos 12.619 (22,5%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos, 95,2% foram Sars-CoV-2 (covid-19).

No ano passado, foram notificados 697.850 casos, dos quais 399.504 (57,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 209.316 (30,0%) negativos e ao menos 47.905 (6,9%) aguardando resultado. Dentre os casos positivos, 97,9% foram Sars-CoV-2.

A Fiocruz advertiu que os dados apresentados no boletim devem ser utilizados em combinação com demais indicadores relevantes, entre os quais a taxa de ocupação de leitos das respectivas regionais de saúde.

Covid-19: Brasil registra mais de 54 mil novos casos e 1.351 óbitos

Segundo boletim epidemiológico divulgado no início da noite de hoje (11) pelo Ministério da Saúde, a pandemia de covid-19 no Brasil foi responsável por 236.201 óbitos, com 1.351 novas mortes tendo sido registradas em 24 horas.

Segundo o levantamento, 9.713.909 brasileiros foram diagnosticados com a doença, sendo que 54.742 novos casos foram diagnosticados desde o último boletim, divulgado ontem. A taxa de cura segue estabilizada em 89%. O Brasil soma mais de 8,6 milhões de recuperados da doença.

No ranking de casos, São Paulo continua a liderar, tanto em ocorrências quanto em óbitos. O estado registra 1.889.969 casos e 55.742 mortes. Minas Gerais e Bahia seguem atrás, com 793.157 casos e 16.405 mortes e 620.042 casos e 10.543 mortes, respectivamente.

Apenas dois estados registraram menos de mil mortes até o momento: Acre, com 907 óbitos, e Roraima, com 937. De acordo com o informe, 2.822 óbitos seguem em investigação e ainda não tiveram causa confirmada.

 

Boletim epidemiológico mostra evolução dos números da pandemia de covid-19 no Brasil.Boletim epidemiológico mostra evolução dos números da pandemia de covid-19 no Brasil.

Boletim epidemiológico mostra evolução dos números da pandemia de covid-19 no Brasil. – Ministério da Saúde

Destino do Brasil é produzir vacinas para América Latina, diz Pazuello

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou hoje (11) que o Brasil tem um perfil de fabricante de vacinas contra covid-19, e não de comprador. Pazuello falou a senadores no plenário da Casa, após ser convidado por eles para explicar as políticas do Ministério da Saúde para a imunização da população brasileira.

Em sua fala inicial, o ministro disse que, após iniciar negociação com vários laboratórios pelo mundo, concluiu que o destino do Brasil é fabricar vacinas para o mercado interno e para a América Latina.

“Começamos a ter a seguinte certeza: para vacinar o nosso país precisaríamos fabricar vacinas. Esse é o destino do nosso país, somos fabricantes de vacinas. Vamos fabricar vacina para o Brasil e para a América Latina. Não podemos contar com laboratórios que apenas nos vendam as vacinas”, disse Pazuello.

Obstáculos contratuais

O ministro colocou como obstáculos contratuais com alguns laboratórios o tempo de recebimento e o lote disponível para compra. Ele citou exemplos de negociações com a Janssen, da Bélgica, e a Moderna, dos Estados Unidos. Sobre a primeira, ele destacou que a entrega seria de apenas 2 milhões de doses e no fim do primeiro semestre.

Sobre a Moderna, Pazuello criticou o preço. Segundo ele, custa 20 vezes mais do que a vacina da Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil em parceria com a Fiocruz. Além disso, destacou que a entrega seria feita apenas em outubro.

Pazuello também citou as negociações de compra da vacina russa Sputnik V, mas ressaltou que a quantidade também é insuficiente, 10 milhões de doses.

Falando um pouco sobre cada vacina, Pazuello fez críticas às “cláusulas leoninas” impostas pela norte-americana Pfizer. As cláusulas já haviam sido criticadas publicamente pelo ministério, ao afirmar que a vacina da Pfizer “causaria frustração nos brasileiros”.

“Mesmo que aceitássemos todas as condições impostas, a quantidade que nos ofereceram foi 500 mil doses em janeiro, 500 mil em fevereiro e 1 milhão em março. Falei que queríamos a Pfizer em grande quantidade e sem as cláusulas leoninas. Não precisamos nos submeter a isso”, disse o ministro.

A despeito das críticas às condições para a compra das vacinas, Pazuello afirmou que o ministério continua negociando com todos os laboratórios e não descarta a aquisição de nenhum imunizante.

Por outro lado, o ministro exaltou o trabalho da Fiocruz, em parceria com a AstraZeneca. “A encomenda tecnológica está feita, 100 milhões de doses de entrega no primeiro semestre. A partir de julho, a fabricação do IFA [Ingrediente Farmacêutico Ativo] na Fiocruz, podendo chegar a 20 milhões de doses por mês”.

Pazuello afirmou ainda que o Instituto Butantan, que produz a vacina Coronavac em parceria com o laboratório chinês Sinovac, está “trabalhando a pleno”, com capacidade de produzir de 8 milhões a 12 milhões de doses da vacina por mês.

ONU lembra luta de mulheres cientistas no combate à covid-19

A Organização das Nações Unidas (ONU) celebra hoje (11) o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e lembra a luta de mulheres cientistas na linha de frente contra a covid-19. Em mensagem sobre a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que promover igualdade de gênero no mundo científico e tecnológico é essencial para um futuro melhor.

Segundo Guterres, isso é visível no combate à pandemia de covid-19, já que as mulheres representam 70% de todos os profissionais de saúde e têm demonstrado papel fundamental nas pesquisas, desde o avanço do conhecimento sobre o vírus até o desenvolvimento de técnicas de teste e, finalmente, da vacina. Além disso, elas foram as mais afetadas pela pandemia na medida em que carregam o peso do fechamento das escolas e da adoção do teletrabalho.

Para Guterres, sem mais mulheres nas ciências, “o mundo continuará a ser projetado por e para homens, e o potencial de meninas e mulheres permanecerá inexplorado”. O secretário-geral da ONU apela à comunidade internacional para garantir que as meninas tenham acesso à educação que merecem e possam ter futuro em áreas como engenharia, programação de computadores, tecnologia em nuvem, robótica e ciências da saúde.

De acordo com o Relatório de Ciências, publicado nesta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em todo o mundo, as mulheres representam apenas 28% dos graduados em engenharia e 40% dos graduados em ciência da computação e informática. A pesquisa aponta disparidades maiores em áreas altamente qualificadas, como inteligência artificial, onde apenas 22% dos profissionais são mulheres. 

Além disso, fundadoras de startups também lutam mais para ter acesso a financiamentos e, em grandes empresas de tecnologia, continuam sub-representadas em cargos técnicos e de liderança. Nas universidades, as pesquisadoras tendem a ter carreiras mais curtas e menos bem pagas. Embora representem 33,3% de todos os pesquisadores, apenas 12% dos membros das academias de ciências nacionais são mulheres.

A data foi instituída pela ONU em 2015 para aumentar a conscientização sobre o papel e as contribuições fundamentais das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica e também para lembrar à comunidade internacional que ciência e igualdade de gênero devem avançar lado a lado.

Brasil

Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, em 2019, no Brasil, 54% dos estudantes em cursos de pós-graduação eram do sexo feminino. Dados de 2020 mostram que as pesquisadoras representam 58% do total de bolsistas stricto sensu (em sentido restrito) da fundação. “Embora sejam maioria numérica, pesquisadoras ainda lutam por mais respeito e oportunidades em ambientes majoritariamente masculinos”, disse a entidade, em comunicado pela celebração da data.

Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, promove um evento online hoje em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

*Com informações da ONU News

Ouça na Radioagência Nacional

 

Senado proíbe fechamento de hospitais de campanha

O Senado aprovou hoje (10) um Projeto de Lei que proíbe a desativação de hospitais de campanha enquanto não houver, nas localidades em que eles tenham sido implantados, ampla vacinação contra o novo coronavírus. De acordo com o texto aprovado, a “ampla vacinação” se refere a 70% da população brasileira. O projeto segue para a Câmara.

Além disso, os hospitais de campanha só poderão ser desativados em determinado município ou estado caso haja leitos disponíveis em sua rede de saúde. O relator do projeto, Marcelo Castro (MDB-PI), acatou emendas que estabeleceram os critérios condicionantes específicos para fechamento ou não dos hospitais de campanha. Castro valorizou a importância dos hospitais de campanha para o atendimento à população.

“A instituição dos hospitais de campanha tem sido medida de grande importância para assegurar a manutenção da assistência prestada frente a grande demanda decorrente do surto de covid-19 no Brasil.”, disse. E prosseguiu “Essas unidades de saúde, ao acolherem os casos leves e moderados da virose, têm oferecido imprescindível suporte à rede de saúde convencional, a qual tem estado demasiadamente sobrecarregada com os casos mais graves da doença”.

Alguns senadores entenderam que o projeto se trata de uma “interferência indevida” à autonomia dos estados e municípios. Para eles, cada ente federativo conhece sua realidade bem o suficiente para saber quando deve fechar hospitais de campanha, baseados em dados de saúde e financeiros. A maioria dos parlamentares, no entanto, entendeu que a proposta é benéfica e apenas garante o atendimento.  “Estamos dizendo que os hospitais de campanha só podem ser desativados se tiver na central de regulação leitos suficientes para poder fazer face à desativação. Ou no caso de ter mais de 70% da população vacinada. Uma coisa ou outra.”, defendeu o relator da proposta. Tanto ele quanto outros senadores lembraram que novas variantes do covid-19 estão surgindo no país, com riscos de aumento de casos e agravamento de quadros de saúde no país.

Covid-19: mortes somam mais de 234 mil e casos, 9,6 milhões

O número de pessoas que não resistiram à covid-19 no Brasil subiu para 234.850. Em 24 horas, foram registradas 1.330 mortes. Há ainda 2.796 óbitos em investigação no país.

Já o total de pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia chegou a 9.659.167. Em 24 horas, foram confirmados pelas autoridades sanitárias 59.602 novos casos.

Os dados estão na atualização diária do Ministério da Saúde, divulgada na noite desta quarta-feira (10). O balanço é produzido a partir de informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde.

Há, ao todo, 828.187 pessoas com casos ativos da doença em acompanhamento por profissionais de saúde e 8.596.130 pacientes já se recuperaram.

Estados

Na lista de estados com mais mortes estão São Paulo (55.419), Rio de Janeiro (30.950), Minas Gerais (16.233) e Rio Grande do Sul (11.169). As unidades da Federação com menos óbitos são Acre (902), Roraima (924), Amapá (1.089), Tocantins (1.437) e Rondônia (2.433).

Em número de casos, São Paulo também lidera (1.878.802, seguido por Minas Gerais (786.653), Bahia (616.789), Santa Catarina (601.833) e Paraná (577.734).

De acordo com o ministério, o governo do Ceará enfrentou problemas técnicos que ocasionaram na ausência dos dados do estado no boletim desta quarta.

Boletim/situação epidemiológica da covid 19 no Brasil/10.02.2021'Boletim/situação epidemiológica da covid 19 no Brasil/10.02.2021'

Boletim/situação epidemiológica da covid 19 no Brasil/10.02.2021′ – Divulgação/Ministério da Saúde

UFMG desenvolve vacina contra a covid-19

Se tudo correr como previsto e houver os investimentos necessários, o Brasil terá uma vacina nacional contra o novo coronavírus (covid-19) em 2022. O primeiro imunizante nacional contra a covid-19 está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto com outros estudos relevantes na mesma área de vacinas. 

A parceria firmada no dia 4 de fevereiro entre a UFMG, o governo de Minas Gerais e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) pode acelerar a produção de vacinas no estado, disse, em entrevista à Agência Brasil, a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CT-Vacinas. 

Outros parceiros poderão participar do projeto, entre os quais a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que tem uma fábrica para produção de vacinas. A professora disse que a parceria está sendo avaliada.

Testes

No ano passado, foram realizados testes em modelos animais (camundongos), quando a equipe do CT-Vacinas identificou os antígenos e a melhor composição nesse sentido. “Fizemos testes em animais, inclusive em animais transgênicos [geneticamente modificados], necessários para esse tipo de análise”, informou Ana Paula. 

A equipe está se preparando para lançar estudos clínicos, seguindo os parâmetros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para depois começar os testes em humanos.

Para definir qual vai ser a composição da vacina, serão feitos testes de toxigenicidade em outros dois modelos, que poderão ser ratos e coelhos, de modo a cumprir exigência da Anvisa. “Será preparado um lote piloto para testagem em animais, e que servirá também para humanos, e usa essa formulação para o teste clínico de segurança, inicialmente, imunogenicidade, e, depois, o teste de proteção”, disse a professora da UFMG. 

A perspectiva é que, havendo investimentos, os testes em humanos poderão ser realizados ainda este ano, disse a professora.

Independência

Na fase inicial do projeto e nas alternativas buscadas pelo CT-Vacinas, foram gastos R$ 5 milhões. Ana Paula Fernandes disse que para as fases 1 e 2 – testes em animais -, o valor dos investimentos oscila entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões. A etapa clínica, que envolve os testes em humanos, é bem mais cara, alcançando recursos em torno de R$ 100 milhões.

Ana Paula destacou que esse investimento, embora seja elevado, “é menor do que aquele que está sendo feito para a transferência das tecnologias de fora”. 

“Esse processo vai ser, realmente, um marco histórico, que vai poder ser replicado para outros processos, para que o Brasil tenha independência nessa área estratégica”, disse a coordenadora do CT-Vacinas. 

De acordo com Ana Paula, todos os países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), à exceção do Brasil, “conseguem abocanhar, digamos assim, uma fração considerável do mercado de insumos em vacinas mundialmente”, o que repercute de maneira positiva em suas balanças comerciais.

“O Brasil tem competência para fazer isso. Precisa é colocar os elos da cadeia conectados”, disse a professora. Na avaliação de Ana Paula, o projeto da UFMG tem esse vínculo. 

Ela disse que, ao contrário do Instituto Butantan ou da Biomanguinhos, que estão trazendo tecnologia de fora e produzindo no Brasil, o CT-Vacinas está construindo um processo do início ao fim. “Estamos chamando de vacina de raiz”. 

A coordenadora disse que a construção desse processo, o domínio dessas plataformas de tecnologia, são estratégicos, “e o Brasil não tem isso”. Ela lembra que todas as vacinas usadas em humanos no Brasil são de tecnologias importadas.

Ana Paulo disse que a equipe do CT-Vacinas já dominou as diferentes plataformas para produção de vacinas em vetores virais, mas que isso não significa, entretanto, que em uma única vacina serão usados todos esses vetores ou uma combinação deles. No momento, segundo a professora, mesmo a partir da produção da primeira vacina nacional, o indicativo é que serão necessárias duas doses para imunização da população. “Mas ela é uma vacina muito mais fácil de ser produzida, porque o sistema de produção dela não tem a complexidade, por exemplo, de uma Coronavac”, tratando-se de uma alternativa mais simples e mais viável.

Continuidade

Ana Paula acredita que ao longo dos próximos meses serão concluídos os estudos clínicos da fase 1 e 2, de imunogenicidade e segurança em humanos, prevendo para o segundo semestre o início da fase 3, em humanos. A nova vacina deverá estar disponível no próximo ano. 

A professora da UFMG disse que uma vacina desse tipo vai continuar sendo necessária no Brasil porque, “hoje, a cada dia que passa, a gente tem mais certeza de que vamos entrar possivelmente em uma sistemática de doses anuais para coronavírus, assim como é para Influenza”. 

Segundo Ana Paula, o vírus vai continuar circulando e variantes vão surgir, o que demandará plataformas que contornem o problema do surgimento dessas variáveis do coronavírus.

A reitora da UFMG, Sandra Almeida, não tem dúvidas que a parceria com o MCTI e o governo mineiro “será fundamental não apenas para a continuidade do desenvolvimento do imunizante contra o coronavírus, mas também para as pesquisas com vacinas a longo prazo”. 

“Necessitamos, mais do que nunca, de articulação entre as universidades e os órgãos públicos estaduais e federais para garantir investimento contínuo”.

Já o ministro Marcos Pontes disse que a vacina da UFMG, desenvolvida com tecnologia nacional, “é importantíssima para o estado [de Minas Gerais] e para o país e tem grande relevância para a ciência brasileira”.

Covid-19 deixa disfunções cognitivas em 80% dos pacientes, diz estudo

As histórias contadas por pacientes que se recuperaram da covid-19 são preocupantes. “Dormi em pé tomando banho”, “meu marido sofreu traumatismo craniano enquanto andava de bicicleta e dormiu”, “lembro-me de fazer o pedido da comida e de pagar por ele, mas não me lembro de ter comido”. 

Outro dado alarmante mostra ainda que essas sequelas não acontecem somente em pessoas que sofreram a doença no estágio mais grave. Pacientes que tiveram coriza ou outros sintomas mais leves e até mesmo os assintomáticos também foram diagnosticados com disfunção cognitiva em algum grau. 

É o que mostra o estudo inédito no mundo O uso do jogo digital MentalPlus®️ para avaliação e reabilitação da função cognitiva após remissão dos sintomas da covid-19, feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), conduzido pela neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin. 

Os resultados mostram que a recuperação física nem sempre implica na recuperação cognitiva, diz a pesquisadora, que também é professora da FMUSP. “Isso deixa clara a importância de se incluir na avaliação clínica dos pacientes pós-covid-19 de qualquer gravidade sintomas de problemas cognitivos como sonolência diurna excessiva, fadiga, torpor e lapsos de memória”, explica a médica, “para que, com o diagnóstico precoce, possa haver uma rápida intervenção terapêutica”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aguarda os resultados finais do estudo para adotar a metodologia desenvolvida na pesquisa do InCor como padrão-ouro em âmbito mundial no diagnóstico e na reabilitação da disfunção cognitiva pós-covid-19.

Jogo digital avalia as disfunções 

A pesquisadora usou o jogo digital MentalPlus®, criado por ela em 2010, para avaliar pessoas que tiveram covid-19 em vários estágios, idades e classes econômicas. “Este jogo nasceu para detectar possíveis disfunções neurológicas em pacientes que eram prejudicados após o uso de anestesia geral profunda. Esse mecanismo não só avalia como ajuda na reabilitação. Então decidi usar o MentalPlus® na pesquisa com pessoas que tiveram sintomas ou que testaram positivo para a da covid-19. O resultado foi impactante: independentemente do grau da doença, da faixa etária ou do nível de escolaridade, os pacientes que tiveram sintomas podem sofrer de disfunção cognitiva”. 

Resultados 

A primeira fase do estudo foi feita com 185 pessoas, entre março e setembro de 2020. Atualmente são 430 pacientes em acompanhamento na pesquisa. Os resultados indicam que em 80% dos participantes da pesquisa o novo coronavírus ocasiona dificuldade de concentração ou atenção, perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas, problemas com a compreensão ou entendimento, dificuldades com o julgamento e raciocínio, habilidades prejudicadas, problemas na execução de várias tarefas, mudanças comportamentais e emocionais, além de confusão.

Outra consequência detectada no estudo é a diminuição da capacidade visuoperceptiva. “Muitas pessoas perderam a coordenação motora e caem muito”, diz a especialista. Ela explica que, segundo exames de ressonância magnética funcional, isso acontece porque a função executiva é afetada em pessoas que já contraíram o Sars-Cov-2.

“Em uma pessoa saudável, essa função faz com que ela planeje o dia e busque estratégias para atenuar problemas, por exemplo. Se a pessoa perde essa função ou se ela ficar comprometida, isso pode interferir no trabalho e nas relações sociais, e, com isso, levar à depressão, ansiedade, angústia e agressividade”.

A médica do InCor detalha que as sequelas cognitivas acontecem porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio. “A dessaturação de oxigênio vai para o cérebro, acomete o sistema nervoso central e afeta as funções cognitivas”. 

Segundo o estudo, a memória de curto prazo de 62,7% dos participantes foi afetada. Já a de longo prazo, teve alterações em 26,8% dos voluntários. Em relação à percepção visual, o impacto foi notado em 92,4%.

“Por causa dos problemas que a covid-19 acarreta nos lobos parietais e occipitais; estes lobos são responsáveis pelo planejamento; organização visuoperceptiva e visuoconstrutiva; pelas sensações corporais; pelos movimentos primários entre outras funções importantes do ser humano”, explicou Lívia.

Segundo a neuropsicóloga, o quadro é passível de reversão, por meio de exercícios cognitivos específicos como os do aplicativo MentalPlus® utilizado no estudo. Essa atividade funciona como uma “musculação mental”, explica a pesquisadora. 

Ao forçar a atividade do cérebro, o órgão é estimulado a um maior consumo de oxigênio, melhorando paulatinamente seu desempenho. “Quanto mais cedo tiver início a terapia cognitiva, mais rápida será a recuperação e, consequentemente, menores os prejuízos mental, emocional, físico e social para essas pessoas”.

Quem deseja mais informações sobre o jogo digital deve entrar no site do InCor e acessar a página de voluntariado para pesquisa, no menu à direita. Nesta página é possível acesso o formulário de inscrições.